domingo, 16 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 14

- Eu vou dirigindo, não tem problema.
Caio ficou surpreso, pois desconhecia a habilidade de Bia na direção. Na verdade, ele nunca havia perguntado e ela também não se deu ao trabalho de contar.
Chef Tulio e Caio se entreolharam com expectativa, tentando definir quem cederia o carro para ela dirigir.
Caio venceu.
- Cuide bem dele – Disse chef Tulio ao entregar, pesaroso, as chaves do seu Nissan para Bia.
- Vou cuidar, obrigada.
Beatriz pegou as chaves, beijou Caio suavemente e se virou para sair, mas foi impedida por ele, que segurava seu braço suavemente.
- Pedro vai com você.
- Ah não, eu não vou perder a oportunidade de dirigir esse Nissan por nada nesse mundo, além do mais, já fazem alguns dias que nada aconteceu, talvez ele tenha desistido.
Chef Tulio franziu a testa diante da conversa de Caio e Beatriz, achou tudo muito estranho, mas preferiu não comentar.
- Eu insisto que você leve o Pedro, você pode dirigir, ele vai ao seu lado.
Beatriz suspirou pesadamente e concordou.
- Tudo bem então.
E assim Beatriz e Pedro saíram em direção à garagem do Cucina Dolce, deixando pai e filho sozinhos no escritório mais uma vez.
Logo, Caio saiu em direção à cozinha e Chef Tulio ficou absorto com os problemas do restaurante, nenhum dos dois percebeu o quanto Beatriz e Pedro estavam demorando, até o telefone de Caio tocar em seu bolso.
Ele sacou o aparelho e viu o nome de Bia no visor.
- Olá meu bem, aconteceu alguma coisa¿
- Olá namoradinho. – A voz grave e debochada de Daniel chegou aos ouvidos de Caio como um murro. De repente, o ar lhe faltou, a bile subiu a sua garganta e Caio lutou para conter a ânsia de vômito.
- Cadê a Beatriz¿ O que você está fazendo com o telefone dela¿
- Calma namoradinho, ela está bem, mas se fosse você eu correria, pois aquele seu amigo que deveria proteger ela não me parece estar nas mesmas condições.
Caio ouviu um estampido seco, um grito de horror na voz que ele reconheceu ser a de Bia e o telefone foi desligado.
O desespero invadiu Caio, que largou tudo na cozinha e saiu correndo para o escritório, esbarrando nos outros chefs, derrubando pratos, talheres e o que mais estivesse em sua frente.
Chef Tulio se assustou com as condições de Caio quando este irrompeu pela porta do escritório, batendo-a com força e gaguejando ao falar. Seu filho estava pálido, tremendo, com os olhos arregalados. Medo era o que podia ser visto na sua expressão.
- E- ele a pegou! – A voz de Caio saiu, trêmula, esganiçada.
- Ele, quem, pegou quem¿ O que está acontecendo¿
- Não há tempo, eu preciso pensar, venha comigo que eu te explico no caminho, mas vamos rápido, ela está em, perigo!
- Ela, a Beatriz¿ O que está acontecendo¿ - Chef Tulio não se moveu, precisava saber o que estava acontecendo.
- Sim, A Bia, você vem ou não¿ Ela está em perigo. – Caio já estava indo para a porta, com a mão estendida em direção a maçaneta.
- Vou, claro filho não vou deixar você sair sozinho nesse estado, só preciso avisar na cozinha e pedir pra Ana e o Rodrigo segurarem as pontas pra nós.- Chef Tulio passou pelo filho e correu para a cozinha para avisar os outros que teriam que sair, pois algo havia acontecido com Beatriz.
Chef Tulio encontrou Caio já no carro, com o motor ligado e tamborilando os dedos no volante. Assim que ele sentou-se no banco ao lado do motorista, Caio saiu cantando pneus, acelerando e cortando a frente dos demais carros na rua.
- Calma Caio, eu sei que é urgente, mas se você correr dessa forma nós jamais chegaremos até onde ela está. E a propósito, me conte o que está acontecendo.
Caio olhou de relance para o pai, numa expressão indecifrável, voltou o olhar a estrada e começou a contar, desde o inicio, tudo o que acontecera com  Beatriz nas mãos de Daniel.
Quando ele terminou o relato, já haviam entrado na estradinha de chão que dava para a fazenda de Salvador e foi num cruzamento, que avistaram a cena de guerra que os fez perder o ar por alguns instantes.
O Nissan estava capotado numa parte lateral da estrada, peças estavam, jogadas por todos os lados, o carro estava muito amassado, sem portas, os vidros quebrados.

Caio parou o carro a alguns metros e desceu, correndo para o local. Quando já estava mais próximo, avistou um vulto, deitado no meio da estrada, imóvel. Ao aproximar-se, reconheceu Pedro, que parecia morto.


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Aí amores, agora encerram os posts no blog, com o final do capítulo 12.
Os capítulos 13 e 14 e consequentemente o final do primeiro volume vão estar disponíveis a venda, junto com a edição completa do livro em algumas semanas, portanto aguardem.
Modificações serão feitas na histórias, incluirei fatos da vida dos personagens e descrições, portanto vai valer a pena comprar.
Obrigado a todos que acompanharam esse primeiro volume e, em breve começarei a escrever o volume dois.
beijos
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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 13

A maciez e umidade dos lábios de Beatriz acordaram Caio naquela manhã, ele abriu os olhos sonolentos e a viu completamente vestida, banhada, os cabelos presos em um rabo de cavalo e pronta para a academia.
- Hora de acordar, temos muitos golpes para treinar!
Caio sorriu, pegou a mão de Bia e a puxou sobre ele, prendendo-a entre seus braços.
Entre um beijo e outro, Bia tentava desvencilhar-se dele, mas Caio era forte demais, e quanto mais ela se debatia, rindo, mais ele a apertava.
 Quando mal podia respirar,  ela desistiu, ficando parada, praticamente imóvel, controlando a respiração, a cabeça apoiada sobre o peito dele, apenas escutando as batidas fortes e ritmadas do coração do homem que ela amava.
Caio então a soltou, segurou sua cabeça entre as mãos e a beijou intensamente, deixando Beatriz sem fôlego quando se afastou dela para vestir-se.
Quando Caio terminou de se vestir, ambos desceram até a cozinha, onde Marie já tinha posto a mesa para o café da manhã.
O casal sentou-se à mesa , Beatriz tomou uma xicara de café acompanhada de croissant, e Caio preferiu vitamina e torradas.
Após a refeição, seguiram para a academia, apesar de ser Domingo, o lugar era aberto, aos clientes que gostavam de treinar também aos fins de semana.
Cerca de duas horas depois, Caio e Beatriz já haviam retornado pra casa, estavam exaustos fisicamente mas muito animados devido aos exercícios. Beatriz conseguira imobilizar e golpear Caio algumas vezes durante a aula, o que o surpreendeu, pois ele era experiente e muito mais forte que ela.
Beatriz era, definitivamente, uma ótima aluna.
O almoço do casal, consistiu em sanduíches de Pastrami, que Marie preparou com muito capricho para os dois, que estavam atrasados para o trabalho.
No carro, a caminho do Cucina Dolce, durante uma conversa casual sobre os exercícios, Beatriz perguntou a caio:
- Caio, o que você vai fazer com relação ao Chef Tulio no trabalho, agora que sabe que ele é seu pai¿
- Vou agir como sempre, afinal ele é meu chefe, vou respeita-lo, dentro dos limites que uma relação patrão-empregado permite, e só. Fora dali, não pretendo ter contato com ele até conseguir organizar as ideias na minha cabeça.
Beatriz assentiu, concordando.
O Domingo e os dias que se seguiram durante a semana foram agitados e problemáticos no restaurante. Um funcionário adoeceu, precisando ser substituído as pressas por Beatriz na função que desempenhava.
Chef Tulio havia designado Caio para ajuda-lo no escritório na ausência de Bia naquela função, o rapaz não gostou, mas também não se opôs, ele dissera que ia manter o tom profissional no trabalho perante Chef Tulio e pretendia continuar a fazer isso.
Mas, quando Salvador, o fornecedor de legumes e temperos resolveu ter um ataque de histerismo ao telefone, pois novamente havia atrasado a entrega dos produtos, os dois se viram obrigados a chamar Beatriz para conversar com o colono, pois ela era a única que conseguia conversar de forma civilizada com ele, sem perder a linha.
Quando pegou o telefone das mãos de Caio, Beatriz respirou fundo, limpou a garganta e falou no tom mais afável que conseguiu.
- Bom dia, seu Salvador, aqui é a Chef Beatriz, como vai¿
A voz bronca e arrastada do outro lado da linha, murmurou algum xingamento baixinho e respondeu.
- Bom dia, dona Beatriz, eu gostaria de falar com aquele turrão do seu chefe italiano.
- Isso não vai ser possível seu Salvador, ele teve que ir resolver alguns problemas na cozinha, o senhor vai ter que resolver comigo mesmo.
Mais xingamentos murmurados e a voz rouca apareceu novamente.
- Muito bem então, vamos lá. O pedido que vocês fizeram é impossível de atender. Como eu vou mandar tantas caixas de batatas para aí se eu atendo outros 5 restaurantes e essa chuva que teimou em cair durante as ultimas semanas estragou mais da metade da minha produção¿
- Muito bem, seu Salvador, quem é o seu cliente mais antigo¿
- Vocês.
- Então, tenho plena certeza de que, se o senhor der prioridade aos clientes mais antigos, os demais irão atender sem problemas, além do mais, nós pagamos um valor bem acima do de mercado pelos legumes e temperos que compramos do senhor e eu sinceramente duvido que os demais clientes que o senhor possa ter sejam tão fiéis quanto nós.
Depois de ouvir alguns murmúrios indecifráveis do outro lado da linha, Beatriz respirou aliviada quando Salvador respondeu.
- Tudo bem, vocês podem vir aqui buscar o pedido, eu deixarei tudo pronto.
- Tudo bem então, estarei aí logo mais.
Beatriz desligou o telefone aliviada, não podia crer o quão difícil era lidar com seu Salvador, sorte a dela ter “argumentos” convincentes.
Mas ainda havia um problema.

Chef Tulio ainda tinha problemas descomunais para resolver o restaurante e Caio teria de substituir o funcionário que estava faltando, sendo que, Beatriz teria de ir sozinha buscar a encomenda, na fazenda de Salvador.

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Postando mais cedo hoje, pois à noite a vida de esposa-donadecasa-mãe clama por mim.
^^
Tradução: roupas para lavar e passar
até amanha!
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terça-feira, 11 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 12

Depois de uma tarde toda na cama, Caio e Bia resolveram levantar quando o sol estava se pondo. Pelos janelões de vidro do quarto, podiam ver a estrela se esconder atrás dos prédios, a noite invadindo tudo e tornando a vista ainda mais bela que durante o dia.
Depois de uma passada na cozinha, para revirar a geladeira em busca de algo para preparar para o jantar, Beatriz se voltou para a tarefa de tentar dispensar Marie de suas funções naquela noite.
- Mas dona Beatriz, eu preciso fazer o jantar.
- Não Marie, não precisa, pode tirar o resto da noite de folga, eu e o Caio nos viramos, pode deixar, acho que não iremos passar fome.
Marie suspirou, derrotada, desamarrou o avental e saiu da cozinha balançando a cabeça. Ela não gostava de deixar as coisas pela metade e apesar de ter sido dispensada não concordava em não preparar e servir o jantar aos patrões.
Beatriz deu de ombros, Marie teria que se acostumar à abrir mão da cozinha de vez em quando.
Munida de seu Iphone, que conectou aos fones de ouvido, Beatriz deixou The Offspring tomar conta dos seus movimentos e pensamentos enquanto cozinhava.
Caio estava na sala, sentado numa das poltronas lendo o jornal. Estava sem camisa, os pelos ralos do peito aparecendo, de calça jeans escura e chinelos, definitivamente era uma visão e tanto.
Beatriz  se embalava no ritmo de Hammerhead enquanto picava as verduras e croutons para sua Caesar Salad.
Ela resolveu fazer um jantar leve, pois aquele dia já havia sido pesado o suficiente com a conversa que Caio havia tido com a mãe e Tulio, mais cedo.
Caio entrou na cozinha sem fazer barulho, foi até a geladeira e pegou uma garrafa de vinho.
Beatriz estava tão concentrada na sua tarefa que não percebeu ele se aproximando por trás dela. Caio tirou um dos fones, colocou na própria orelha e começou a morder a de Beatriz, puxando a pontinha do lóbulo com os dentes.
Beatriz estremeceu quando um arrepio percorreu lhe o pescoço. A orelha era um dos seus pontos fracos e Caio sabia disso muito bem.
Ela virou a cabeça para fita-lo e Caio estava sorrindo para ela. Ele aproximou os lábios da orelha dela mais uma vez e sussurrou:
- Vinho¿
Beatriz assentiu, ele então devolveu o fone ao ouvido dela e se afastou para servi-la.
Enquanto as taças de vinho eram esvaziadas pelos dois na cozinha, Caio arrumou a bancada para os dois. Dispôs o jogo americano, colocou pratos, talheres, e guardanapos de linho.
Beatriz finalizou a salada com uma generosa porção de azeite extra virgem e serviu.
Caio ajudou-a a se sentar e em seguida sentou-se ao seu lado. Beatriz serviu os dois e enquanto comiam, conversaram sobre as perspectivas de Caio sobre o que aconteceria dali para frente já que agora ele sabia sobre sua verdadeira paternidade.
- O que você vai fazer com relação ao Tulio¿             
Caio parou o movimento que fazia com o garfo em direção a boca, baixou o talher e respondeu.
- Nada, vou deixar como está.
- Acho que ele vai querer se aproximar de você de alguma forma, afinal agora que você sabe de tudo, ele vai querer fazer parte da sua vida.
- Acho que ele não vai tentar nada por enquanto. Eu preciso de um tempo para assimilar essa situação e já vamos ter que conviver diariamente no Cucina Dolce. Acho que ele não vai dar o primeiro passo, não faz o estilo dele, acho que ele vai deixar como está, pelo menos por enquanto.
O resto do jantar foi silencioso, vez ou outra Caio se perdia em pensamentos e Beatriz o observava, sem que ele percebesse.
Após o jantar, o casal subiu para o quarto, dividiram a banheira e foram se deitar.
Mas o sono não chegou conforme o esperado. Mesmo depois do sexo, eles estavam muito agitados para dormir, o dia havia sido cheio de revelações e a memória da tudo custava em pôr-se de lado para que Caio e Beatriz pudessem descansar.
Então resolveram conversar sobre outros assuntos, tentando esquecer o que havia acontecido durante o dia.
Caio começou interrogando Beatriz sobre o período feliz dela na França, o estágio e quis saber a respeito de Chef Gerard ( Beatriz teve quase certeza que Caio falava do seu antigo mentor com uma pontada de ciúmes).
Após relatar detalhadamente tudo o que aprendera com o Chef, Beatriz contou banalidades sobre o estágio, algumas besteiras que fez na cozinha e as broncas que tomou de alguns chefs mais experientes na época.
Então foi a vez de Bia perguntar a Caio sobre o passado. Ele desconversou sobre sua fase negra, comentou o motivo das prisões muito superficialmente, não quis se aprofundar no assunto e Beatriz resolveu não insistir.
Caio contou sobre a faculdade, a temporada que havia passado na Itália com a mãe, no período em que ela fora para o país palestrar sobre um dos seus mais famosos poetas: Dante Aligheri, que por incrível coincidência, tinha o mesmo sobrenome de Tulio.
Caio relatou também a infância feliz com o não-pai e a mãe em São Paulo, o quanto eles se dedicaram a ele, e que fizeram o que podiam para compensa-lo algumas ausências motivadas pelo trabalho.
Caio na realidade sempre tivera tudo, mas seus pais eram pé no chão e nunca permitiram que ele se transformasse num monstrinho. Na casa dele sempre houveram rotina e disciplina, mesmo que muitas vezes as técnicas fossem falhas, Alberto e Alice fizeram o melhor que podiam para educa-lo bem.
A história de Caio terminou com ele contando para Beatriz sobre seus primeiros meses de trabalho no Cucina Dolce, o quanto havia incomodado Chef Tulio. Apesar do talento nato para a cozinha, Caio era extremamente teimoso (tal qual o pai biológico) e isso dificultava o trabalho do grupo. Por diversas vezes, Chef Tulio havia se trancado no escritório com ele para uma “conversa séria” e apesar das ameaças constantes de demissão, Caio acabou entrando no ritmo e aprendendo a ceder quando necessário.
Quando encerrou o relato, Caio olhou para o lado e viu Beatriz dormindo tranquilamente abraçada a ele. Ela parecia realmente um anjo dormindo. Toda a tristeza que os olhos dela carregavam as vezes estavam escondidas enquanto ela dormia e seu rosto parecia muito mais sereno. Os pequenos vincos de preocupação na testa se desfaziam e a expressão dela não transmitia nada além de paz e tranquilidade.

Aos poucos, o sono veio chegando para Caio também e apesar de já estar perto da hora de amanhecer ele se entregou, completamente exausto, aquele descanso merecido.

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Aí pra vocês, logo terminando esse capítulo ai irei me dedicar completamente ao término do livro para publicação.
Obrigada a todos que lêem
=***
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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 11

Caio estava sentado, com os pés sobre a cama, os braços atrás da cabeça e encostado na cabeceira do móvel. Estava olhando pra cima, pra ponto nenhum, apenas pensando em tudo o que ouvira a mãe lhe dizer.
Estava tão concentrado em tudo o que havia escutado, que não ouviu Beatriz bater na porta e quando ela entrou, ele nem ao menos virou a cabeça para vê-la trazer a bandeja de chá para o lado dele na cama. Estava distraído demais.
Beatriz, por sua vez, percebeu o quanto Caio estava compenetrado em seus pensamentos e não falou palavra alguma, apenas colocou a bandeja sobre a cômoda, despejou o chá nas canecas, adoçou e entregou uma a Caio, que bebeu com os olhos fechados, apreciando o aroma e o sabor do liquido fervente, como se aquilo fosse ajuda-lo a pensar melhor sobre sua vida, seu passado e toda a mentira que vivera até ali.
Beatriz então, pegou a sua caneca, de a volta na cama e sentou-se ao lado de Caio em silencio, apenas apreciando o seu chá e oferecendo a ele sua presença, pois pelo que pode perceber, ele não estava a fim de conversar.
Caio ficou realmente grato por Beatriz não perguntar a respeito da conversa com a mãe e  Tulio, ele não queria falar a respeito daquilo. Já era difícil o suficiente para ele pensar que tudo o que vivera, o sentimento que nutriu pelo não-pai  Alberto pudesse ser mentira.
Não.
O que ele sentiu pelo não-pai era verdadeiro, como qualquer amor de filho para pai, o que era mentira era sua história, a que a mãe havia lhe contado desde que era muito pequeno.
Do quão felizes ela e seu pai eram, o tempo que namoraram e o desenrolar da relação, que terminara na gravidez dele.
Até que parte ela havia substituído o nome de Tulio pelo de Alberto¿
Será que ela realmente o havia amado, ou apenas o usou para ter alguém para assumir o filho de outro¿
Eram muitas perguntas, mas nenhuma delas tinha uma resposta, ainda não.
Caio sabia que teria que falar com Alice para ter essas respostas, mas essa era uma conversa que ele queria adiar o tanto quanto pudesse. Ele tinha raiva dela, raiva de Tulio e de tudo o que eles o haviam feito acreditar e que agora, ele sabia ser mentira.
Mas quando começou a reviver a conversa por partes, Caio lembrou que a mãe lhe havia dito que Tulio havia ficado sabendo da paternidade há pouco mais de 3 ou 4 anos e isso queria dizer que Tulio também havia sido enganado, talvez não de forma tão descarada quanto Caio, que convivera com a mentira durante toda a sua existência, mas também havia sido vitima em toda aquela história.
Olhar a situação dessa forma, fez Caio se sentir um pouco menos idiota. Ele compartilhava parte de tudo aquilo com o pai verdadeiro, embora achasse difícil conseguir chama-lo assim algum dia, era o que Tulio era realmente, seu Pai Verdadeiro.
Caio suspirou, sua cabeça doía, os olhos estavam cansados de tanto olhar para o mesmo ponto inexistente no teto sem piscar. Beatriz estava deitada cochilando ao seu lado na cama, ele estava tão concentrado em seus pensamentos que não percebera quando ela dormiu.
Um sorriso lento brotou nos lábios do rapaz, apesar de ele não olhar para ela e nem lhe dirigir palavra, ela havia ficado ali, ao seu lado, apenas para que ele soubesse que ela estava ali pra o que ele precisasse, até para ignorá-la.
“Ela é realmente especial, e é minha”.
Caio esqueceu o assunto com o pai, o não-pai e a mãe por hora, queria aproveitar a companhia da namorada da melhor forma que podia imaginar no momento.
Ele deitou-se ao lado dela, que estava de costas para ele, abraçou-a, puxando Beatriz para perto e adormeceu, sentindo o cheiro dos cabelos enrolados e pensando o quanto seria bom passar o resto dos seus dias ao lado dela, sentindo aquele perfume delicioso que ela tinha, vendo-a sorrir e ama-la até que seu peito começasse a doer, se é que isso era possível. Sem se preocupar com mãe, pai e toda aquela história que agora ele sabia ser a SUA história.
Já estava escuro quando Beatriz acordou e sentiu o braço de Caio sobre ela. Uma das pernas dele, estava prendendo as suas e Beatriz estava suando. Estava desconfortável, mas não deu importância, toda aquela proximidade com Caio era a melhor coisa que ela podia ter ao acordar. Ela tentou se mexer um pouco, pois o braço estava dormente. Apesar do esforço para que ele não acordasse, Caio começou a piscar e abriu os olhos azuis brilhantes de uma forma que ela achou extremamente graciosa, mas não menos máscula.
- Oi linda! – O sorriso de Caio mostrava todos dentes e era fascinante.
- Oi lindo!
Caio a puxou mais para perto e a abraçou forte, inalou o cheiro dos cabelos dela mais uma vez.
Eles estavam agarrados um ao outro, os braços e pernas enlaçados.
Sem que Beatriz esperasse, Caio começou a falar.
- Sabe, eu não sei o que pensar sobre tudo isso que minha mãe falou hoje. O Alberto foi um pai e tanto, se esforçou e me criou da melhor maneira que conseguiu e também amou muito a minha mãe.
Eu acho que nunca soube valorizar de verdade o pai que eu tive. Teve uma época em que eu era um merda. Vivia de arruaça, fui preso e ele sempre esteve lá pra m,e ajudar e me livrar da encrencas.
Nunca foi indiferente é claro, eu levava sermões infindáveis, ficava de castigo mesmo já tendo quase 18 e depois que passei dessa idade também, mas eu nunca dei atenção pra ele. Simplesmente ignorava, achava que era o dever dele fazer tudo aquilo por mim, pelo simples fato de ser meu pai.
E hoje, depois de saber o que aconteceu, eu percebi o quanto ele realmente se empenhava na tarefa de ser meu pai. O Alberto não precisava me salvar das minhas encrencas, nem me tirar da cadeia, e muito menos gastar saliva comigo, podia ter deixado tudo pra minha mãe, mas não fez isso. Ele se importou. Ele correu o risco de ser julgado e mal interpretado, de ser odiado por mim, correu o risco de errar, e tudo por um moleque que não estava nem aí pra ele e que ele não tinha que proteger.
- Caio você não pode pensar assim, o Alberto assumiu sim ser seu pai e a partir do momento que fez isso, pelo que eu pude entender, ele realmente se empenhou nessa tarefa, ele mostrou que era sim seu pai, mesmo não sem aquele que te gerou. Você não tem que se   torturar por não ter dado valor pra ele, a maioria dos jovens não dá o devido valor a seus pais e além do mais, você não sabia que o seu pai biológico era outro, não se culpe assim. Você deu o que podia pra ele, seu jeito e até onde eu sei, ele nunca exigiu mais que isso de você.
- É verdade, ele nunca exigiu mais do que eu estava disposto a dar, talvez não quisesse me pressionar, não sei, mas ele era um cara e tanto.
- Eu aposto que sim. Gostaria de tê-lo conhecido.
- Acho que ele iria gostar muito de você, afinal, você me fez ser melhor.
Caio apertou um pouco mais o abraço dos dois e beijou o topo da cabeça de Beatriz.
- Obrigado.
- Pelo que¿ - Beatriz não havia entendido o agradecimento repentino.
- Por me ouvir, por ficar aqui comigo, e não me julgar.
- Eu jamais iria fazer isso, não quero que ninguém me julgue também e você sempre me tratou da mesma forma, mesmo depois de saber de tudo o que aconteceu comigo.  Era o mínimo que eu podia fazer por você.
Caio sorriu e a beijou.
Aos poucos aquele beijo foi se tornando mais intenso, o desejo começou a brotar nos dois, tomando conta de cada pedaço do corpo de cada um, preenchendo cada espaço dentro deles e ao redor de onde estavam, a paixão que um sentia pelo outro era algo quase palpável, qualquer um que entrasse no quarto naquele momento poderia sentir todo o amor que transbordava dos dois corpos se enroscando na cama.

E o resto da tarde passou rápido, Caio e Beatriz fazendo amor, totalmente entregues aquele momento de prazer e envolvimento. 

domingo, 9 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 10

Foi por volta  das 14:00 horas que o Nissan de Tulio encostou junto à calçada em frente a casa de Caio e Beatriz. Ele e Alice haviam levantado cedo, após uma noite mal dormida, pois a ansiedade de contar tudo sobre a paternidade de Caio, os deixou fazendo planos de como seria o momento em que desenrolariam toda a história para o filho durante a maior parte da noite.
Quando finalmente estavam cansados demais para continuarem conversando, resolveram dormir. Além de demorarem a conseguir pregar os olhos, o sono foi agitado e cheio de sonhos estranhos sobre as expectativas que tinham para a conversa com o filho no outro dia.
Quando cansaram de rolar na cama sem conseguir dormir, ainda não tinha amanhecido, mas Tulio e Alice resolveram se levantar e pegar a estrada, pois a viajem era longa e quanto antes chegassem a São Paulo, mais cedo poderiam contar toda a verdade a Caio.
Foram recebidos por Marie, que pediu para que aguardassem na sala, pois iria descobrir o paradeiro dos donos da casa.
Marie os encontrou esticados em duas espreguiçadeiras, próximos à piscina, tirando uma soneca. Caio estava sem camisa, usando uma bermuda feita de um jeans cortado e bia estava de biquíni, deitada de barriga para baixo, exibindo a tatuagem mais assombrosa que Marie já vira.
Ela, como boa senhora católica que era, achou aquelas asas de anjo um sacrilégio, mas não disse nada, apenas fez o sinal da cruz disfarçadamente e se aproximou para chamar os dois.
Quando estava ao lado do casal, Marie pigarreou num tom que fosse audível pelos dois.
Caio e Bia acordaram e se viraram para observa-la.
- Com licença Caio, Beatriz, a dona Alice e o seu Tulio acabaram de chegar e estão na sala esperando vocês.
- Obrigado Marie, diga a eles que já estamos indo.
Caio e Beatriz se levantaram e foram até o quarto, trocaram de roupa rapidamente e se deslocaram para a sala, para receber os recém-chegados.
Foi com um abraço apertado na mãe e um rápido aperto de mão no dono do restaurante que Caio recebeu os convidados, Beatriz abraçou e cumprimentou os ambos com dois beijos no rosto.
Quando todos estavam sentados nas confortáveis poltronas da sala, Caio e Beatriz muito próximos, de frente para Tulio e Alice que estavam sentados lado a lado, mas sem nenhuma indicação de que fossem um casal, Caio havia reparado na distancia segura que havia entre os dois.
- Como foi a viajem¿
Caio resolveu puxar assunto quando o silencio se estendeu por mais de um minuto na sala.
- Saímos bem cedo e tudo transcorreu bem, sem transito nem acidentes no caminho, mas confesso que dirigir por tantas horas seguidas cansa um bocado, ainda mais depois de uma noite mal dormida. – Tulio respondeu automaticamente, olhando de soslaio para Alice.
Alice pigarreou e Caio ergueu uma sobrancelha para os dois com a cara fechada.
- Mas não é sobre isso que viemos conversar com você, meu filho, eu e o Tulio – Alice segurou as mãos de Tulio entre as suas, apertando um pouco – temos um assunto muito sério para tratar com você.
- Eu imagino que deva ser. – Caio estava seco.
Beatriz se mexeu desconfortável na cadeira, sentia-se uma intrusa na sala. Tentou levantar para sair, mas Caio segurou a mão dela e a puxou de volta para o sofá.
- Fique, meu bem, não há porque você sair. Você é parte importante da minha vida agora, talvez a mais importante, você pode e deve saber de qualquer coisa que eles tenham para me contar.
- Bom então vamos começar. O que eu e Tulio temos para lhe contar é a respeito do seu pai.
- O que ele pode ter para contar sobre o meu pai¿ Tulio nem o conheceu! O que está acontecendo aqui mãe¿
Caio se empertigou na cadeira, ajeitando os ombros e parecendo mais alto e ameaçador, queria passar a impressão de plena segurança, mas na realidade temia o que a mãe lhe diria a seguir.
- Tulio sabe mais do que você pensa, porque ele é seu pai biológico. Foi ele quem gerou você, que é o que eu tenho de mais importante nessa vida.
Caio não se moveu e sua expressão quase não se alterou, apenas Beatriz viu o maxilar dele se contrair com a revelação.
- Tulio soube que era seu pai há poucos anos, na verdade quando você estava procurando emprego na área gastronômica, com o seu histórico policial ninguém queria te dar emprego e eu tive que recorrer a ele, e explicar porque estava pedindo.
- E o Alberto¿
- O Alberto sempre foi meu amigo e soube de tudo desde o começo, ele se ofereceu para casar comigo e criar você. Eu fui muito feliz com ele, durante todo o tempo em que estivemos casados, a morte dele foi muito difícil de superar.
- Então vocês também estão juntos¿
A voz de Caio tinha um tom gelado, quase mortal.
- Sim, estamos juntos.
Foi Tulio a responder a ultima pergunta.
- Eu amo a sua mãe, há mais de 25 anos e nos encontrarmos de novo fez com que o sentimento que estava adormecido despertasse ainda mais forte que antes.
Caio assentiu, mas não disse palavra durante algum tempo, apenas ficou olhando para o chão, com o tornozelo apoiado sobre uma das pernas e as mãos apoiadas sobre elas.
Quando finalmente ergueu o olhar, Caio disse.
- Bom se era só isso que vocês tinham para contar, então já podem ir embora.
Beatriz olhou para Caio confusa e horrorizada. Nunca o vira tratar alguém daquela forma, com exceção de Daniel, mas ele era um crápula e merecia o pior tratamento do mundo, já Alice era mãe dele estava sofrendo com aquela situação, Bia podia ver nos olhos dela.
- Caio, por favor filho, tente entender.
Alice estava tentando apelar para o bom senso de Caio, mas parece que ele tinha fugido no instante em que ela lhe contara a verdade.
- Podem ir embora.
Caio virou as costas e saiu, subiu as escadas em direção ao quarto, Beatriz conseguiu ouvir a porta se fechar de leve.
- Me desculpe por isso Alice, eu vou tentar conversar com ele. Fico feliz por vocês dois terem se acertado, espero que tudo dê certo.
- Obrigada querida, você faz muito bem pra ele.
Alice abraçou Beatriz e algumas lágrimas escorreram por sua bochecha, antes de se virar, dar o braço a Túlio e saírem pela porta.
Assim que ficou sozinha na sala, Beatriz respirou fundo. Não sabia o que fazer. Aquela revelação a tinha pego de surpresa tanto quanto a Caio. Mas ela podia entender os motivos de Alice, afinal ela estava sozinha, sem o pai da criança, que nem ao menos sabia da gravidez. A coisa mais sensata que podia fazer era garantir uma criação digna e um pai presente para seu filho. 
Mas pelo visto Caio não via as coisas dessa forma.
Beatriz foi até a cozinha, preparou um chá, colocou numa travessa o bule, pires, duas xicaras, colherinhas e açúcar e subiu as escadas rumo ao quarto. Precisava conversar com Caio, apoia-lo, saber o que sentia e o que estava pensado com relação a tudo aquilo que tinham ouvido.

Beatriz respirou fundo antes de bater na porta do quarto e entrar. Aquela tarefa não seria fácil, mas era papel dela estar presente, da mesma forma que caio fizera quando ela precisou dele. E Beatriz estava preparada para dar a ele todo o apoio que quisesse, independente da aceitação dele ao fato de Tulio ser seu pai biológico.


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Boa semana a todos!
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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 9

Quando chegaram em casa, foram direto para o quarto, precisavam ter certeza que estavam bem, e para os dois, o melhor jeito para saber era na cama.
Subiram tropeçando as escadas, entre beijos quentes e mãos que passeavam por todo o corpo um do outro, apalpando, sentindo, desejando.
A frustração e a raiva que havia os acompanhado durante todo o dia estava presente em cada toque, se esvaindo acompanhada de toda a excitação que emanava de cada poro dos corpos que se chocavam a cada nova investida provocante de um contra o outro.
Quando entraram no quarto, estavam sem fôlego, levemente tontos e se esforçando para acalmar suas respirações incertas.
Olharam-se apenas por alguns instantes e sorriram, antes de se atracarem novamente, Caio conduzindo Beatriz até a cama, tropeçando nas roupas e calçados que estavam espalhados pelo chão.
Ele a empurrou e Bia caiu de costas na cama. Caio tirou os tênis dela, seguidos das meias e das calças, deixando-a apenas de calcinha e camiseta. Antes de deitar-se sobre ela, tirou toda a roupa, rápido como num piscar de olhos.
Quando estava sobre Beatriz, ela sentiu a ereção já evidente dele pressionando a pele da sua coxa e sorriu, passando a língua pelos lábios.
Começando pelos pés, Caio beijou-a, explorando com a língua cada pedaço de pele descoberta, fazendo Beatriz se arrepiar e contorcer com as deliciosas descargas elétricas que ela sentia em todas as terminações nervosas do corpo.
- Espera um pouco Caio.
Caio se afastou o suficiente para Beatriz sentar-se rapidamente e tirar a calcinha, a camiseta e o sutiã, ficando nua finalmente.
Caio sorriu, mostrando todos os dentes e mergulhou na tarefa de lambê-la, chupá-la e beijá-la por inteiro.
Beatriz gemeu alto, quando a boca dele atacou sua vagina, com lambidas lentas, rodeando o clitóris ora suavemente, ora com leve pressão da língua.
Quando ele introduziu um dedo na sua abertura úmida, ela se agarrou aos cabelos de Caio e o pressionou ainda mais contra seu sexo.
-Calma minha garota, calma.
Beatriz estava quase chegando ao clímax, quando Caio parou repentinamente o que estava fazendo e se afastou dela, que não conseguiu esconder um gemido frustrado.
- Ah! Não! Porque parou¿
Caio soprou suavemente o clitóris dela, ajudando-a a acalmar a necessidade quase desesperada que Beatriz sentia de gozar.
Assim que conseguiu controlar sua respiração, Beatriz levantou-se da cama, puxou Caio pelos braços para que ele deitasse e então foi a vez dela de agrada-lo com a boca.
Com beijos suaves nas coxas, subindo para a virilha, chupando os testículos dele, enquanto masturbava-o com uma das mãos.
Caio gemeu quando Bia passou a língua pela ponta do seu pênis, sugando-o com força logo em seguida.
Enquanto ia e vinha com a boca no sexo dele, Caio se controlava para não gozar na boca dela.
- Caralho Bia! – Ele sibilou entre dentes, enquanto ela engolia-o quase por inteiro.
Quando estava quase atingindo o clímax, Caio segurou Beatriz pelos ombros e a empurrou suavemente para trás, apenas o suficiente para poder sair da posição em que estava e puxar Beatriz para baixo dele na cama.
Quando Caio deslizou para dentro dela, Beatriz recebeu-o com um gemido, movimentando-se de encontro a ele, batendo os seus quadris contra o corpo do namorado, produzindo um baque quando a pele dos dois se encontrava.
Aos poucos a cadencia foi aumentando, Caio impunha um ritmo acelerado, com força, sentindo todo o calor de Beatriz e fazendo-a aprecia-lo por inteiro.
- Você é muito gostosa! – Caio disse no ouvido de Beatriz entre uma mordida e outra.
Beatriz gemeu e beijou o pescoço dele, deixando ali um suave chupão, apenas uma marquinha vermelha, que não duraria mais que um dia.
Quando aos poucos, aquela sensação já conhecida do clímax foi crescendo e reverberando dentro deles, como ondas de prazer, Caio e Beatriz estavam ofegantes, agarrados, como se quisessem se fundir em um só, o que, de certa forma realmente estava acontecendo.
A sensação de prazer intenso se instalou primeiro em Beatriz, que foi invadida pelo orgasmo, como se uma tempestade a tivesse atingido em cheio, com relâmpagos estremecendo suas terminações nervosas, fazendo-a tremer por inteiro enquanto gozava ruidosamente sob Caio.
Vê-la se perdendo  daquela forma foi o suficiente para que ele se entregasse a sensação do orgasmo que chegou atordoando os sentidos de Caio, deixando-o desnorteado por alguns instantes, enquanto gemia e gritava o nome de Bia, se derramando dentro dela em movimentos certeiros e precisos, até desabar de cansaço e satisfação ao lado da amada.
Antes que seus corações se acalmassem por completo, Caio rolou para o lado de Bia na cama, abraçou-a e ambos adormeceram, plenamente satisfeitos e com a certeza de que estavam bem sim, a pequena crise ocorrida mais cedo estava superada e toda a raiva e frustração resultantes da briga havia sido dispersa.

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O restante da semana passou rapidamente e quando viram, já era sábado, dia de folga.
Durante a semana, Caio e Beatriz haviam ido todos os dias na academia. Bia já tinha uma bela noção de defesa pessoal, estava encaixando golpes certeiros em alguns contra-ataques e as aulas de Krav Maga iam muito bem. Caio estava orgulhoso do progresso dela.
Beatriz era dedicada aos exercícios, repetia inúmeras vezes todos eles até ter a certeza que estava fazendo as movimentações corretas. E ele adorava a persistência dela.
O Cucina Dolce estava indo muito bem também, a semana havia sido agitada, como sempre, mas todos os problemas haviam sido contornados pelo trabalho conjunto do casal no comando. Sempre dividiam as questões a serem resolvidas e discutiam tudo antes de tomar alguma decisão.
A parceria dos dois dava muito certo.
Chef Tulio voltaria naquela tarde para São Paulo e segundo o que falara ao telefone com Caio durante aquela semana, tinha uma novidade para compartilhar com ele e Beatriz.
Caio havia ficado intrigado com aquilo, algumas ideias sobre o envolvimento da sua mãe naquela novidade passaram por sua cabeça, mas ele descartou a possibilidade, pois pelo que conhecia de Chef Tulio, ele jamais se envolveria a serio com mulher alguma.

Mas Caio nem desconfiava os motivos reais daquela conversa e todas as novidades que o aguardavam. Sua vida mudaria muito depois do encontro com Chef Tulio, ninguém podia imaginar o quanto.
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Logo irei terminar este capitulo, e para os próximos tenho umas niovidades pra vcs, mas tudo a seu tempo, aproveitem a leitura e bom fim de semana a todos!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 8

A academia não ficava muito longe do restaurante, de modo que Beatriz resolveu ir andando até lá, tentando esfriar a cabeça.
Mas não funcionou.
Quando chegou ao galpão, estava prestes a entrar em combustão espontânea, tamanha era a raiva que tinha acumulado.
Ela abriu as grandes portas de metal com um empurrão, e passou pela recepção sem falar com ninguém, pisando duro, diretamente para a sala onde ela e caio treinavam.
A sala estava vazia, Beatriz foi para o vestiário e vestiu a roupa de ginástica que deixava no armário, voltou ao cômodo anterior e olhou à seu redor, procurando qual seria a primeira vitima da sua ira.
Seus olhos faiscaram quando ela viu o saco de areia pendurado no lado oposto ao que estava. A garota fez alguns exercícios de alongamento e caminhou até o outro lado da sala com passadas firmes, posicionou-se à frente do saco e começou a bater.
A sequência de chutes e socos que Caio havia passado para ela em uma das aulas era uma potente arma, se aplicada da forma correta e com segurança.
Beatriz entregou sua alma aquele exercício. Cada soco, cada chute, era direcionado com toda a raiva e frustração que ela guardava há tanto tempo. O saco de areia, porém, não parecia se importar em apanhar e Beatriz queria que fosse Daniel à sua frente, que era quem ela realmente desejava estar golpeando.
Quando seus braços e pernas começaram a ficar moles devido ao esforço, ela resolveu parar, deixando-se cair no chão, completamente exausta, pingando suor, mas muito mais calma.
Ainda estava magoada com Caio, mas tinha que voltar ao restaurante e ajuda-lo, seria falta de responsabilidade dela abandoná-lo lá durante todo o dia.
Beatriz levantou-se do chão e foi para o vestiário, tomou um banho, vestiu-se e saiu da academia da mesma forma que havia entrado, sem falar com ninguém. Agora porém sua expressão estava menos carregada e a cabeça mais leve. Mais ainda teria que enfrentar Caio e a raiva dele, mas isso poderia ser levado em fogo brando, pelo menos até a hora em que chegassem em casa, à noite.
Caio estava frustrado, depois da discussão com Beatriz, quando ela lhe deu as costas e foi embora, ele não se moveu de onde estava. Havia deixado-a ir, sem nem ao menos tentar entender a razão pela qual ela havia escondido aquelas informações tão importantes do delegado, quando prestara queixa, mais cedo naquele dia. Agora, estava arrependido e preocupado com ela.
Não sabia onde ela poderia ter ido e o que estava fazendo, mas estava demorando. Quando ele sacou o celular do bolso para ligar para ela, viu a silhueta de Beatriz atrás da porta do escritório.
Ele respirou fundo, pensando na tempestade que iria enfrentar. Mas ela entrou, olhou rapidamente para ele e desviou o olhar. Não perguntou nada a ele, apenas informou que se precisasse de algo, ela estaria na cozinha, virou-se e saiu, indiferente e calada, da mesma forma que havia entrado. O coração de Caio se apertou dentro do peito, mas ele afastou o sentimento e tentou se concentrar no trabalho novamente.
O dia seguiu como de costume no Cucina Dolce, agitado e cheio de problemas, e Caio estava ficando quase louco ao final do expediente no escritório. Beatriz fazia muita falta ali junto dele. Ela era mais doce e sabia contornar como ninguém o animo exaltado de alguns clientes e parceiros como os que ele havia atendido ao telefone.
Caio exercitara toda sua paciência e boa vontade durante todo aquele dia, lidando com pessoas mal humoradas e difíceis de conversar. Beatriz havia ficado na cozinha, ajudando os outros chefs ou então atendido alguns clientes especiais no salão principal do restaurante.
Bia não havia ido ao encontro de Caio uma única vez desde que voltara da rua, mais cedo e isso o estava atormentando. Mas ele decidiu fingir que não se importava, pelo menos era o que pretendia fazer, até encontrar ela sozinha no vestiário, ao final do expediente.
Todos já haviam ido embora e os dois acabaram ficando para resolver alguns assuntos pendentes de ultima hora. Beatriz conferiu o estoque e Caio algumas planilhas que precisavam ser estudadas para uma nova parceria, com um produtor de laticínios local.
Beatriz estava de costas para a porta e não ouviu Caio chegar sorrateiramente por trás dela. Mas ela pôde sentir. O perfume invadiu suas narinas, fazendo-a instintivamente fechar os olhos para sentir o aroma que emanava do corpo dele. Mesmo de longe, ela podia sentir a presença de Caio se aproximando, quente e sensual, como um felino perigoso, preparando o bote.
Beatriz havia passado o dia todo distante dele. O trabalho não havia rendido o quanto ela esperava, o mau humor decorrente daquilo e da discussão com ele se intensificou durante o dia e agora ela já se achava capaz de agredir fisicamente alguém que a provocasse. Beatriz estava fora de si.
Quando os braços de Caio passaram pela sua cintura e ele a abraçou, afundando o nariz em seus cabelos, Beatriz não pôde conter um sorriso.
- Ainda está brava comigo¿
- Na verdade, acho que estava brava com a situação toda, não com você especificamente. Mas já estou melhor.
- Hmm, fico feliz em saber disso – Caio começou a salpicar o pescoço de Beatriz com suaves beijos, deixando um rastro de pele formigando com uma deliciosa sensação de prazer onde seus lábios tocavam.
Beatriz suspirou
- Vamos para casa¿ Nesse momento eu só quero me afundar em você e esquecer todo esse dia de merda que tivemos.
Beatriz se virou nos braços dele, ficando com o rosto a centímetros de distância do de Caio, aos poucos foi se aproximando e o beijou, suave e lentamente, apreciando cada movimento da língua dele na sua boca, sentindo o gosto que ele tinha, fazendo tudo desaparecer ao redor dos dois.

Essa foi a única resposta que ela precisava dar. Quando se afastaram, Caio pegou a mão de Beatriz e a puxou rumo ao estacionamento, parando vez ou outra pra mais um beijo lento e sensual.

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Desculpem a demora em postar, mas está aí.
beijos a todos
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terça-feira, 4 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 7

Pedro e Beatriz foram de carro até a delegacia mais próxima, aguardaram um pouco até serem chamados a prestar queixa.
Beatriz contou em detalhes ao delegado o que havia acontecido desde que chegara ao Brasil, mas preferiu guardar segredo a respeito dos horrores que sofrera na França. Informou apenas que havia tido um envolvimento amoroso com Daniel e que ele a havia agredido fisicamente.
O delegado Félix Alcântara era um homem de meia idade, baixa estatura, ombros largos, rosto marcado por olheiras das noites sem dormir. Havia tido muitas histórias de apreensões de drogas e combate a traficantes memoráveis em sua carreira policial, mas depois de um certo tempo acostumou-se a burocracia e ao sistema penitencial lento que há no Brasil.
A história de Beatriz era apenas mais uma entre tantas as que ele ouvia todos os dias sobre violência doméstica, que acabavam com o indivíduo preso por algum tempo, pela Lei Maria da Penha, ou então com alguma fatalidade. O caso de Beatriz, pelo que ela havia descrevido para ele e também pela experiência acumulada ao longo de anos vendo casos semelhantes, acabaria em tragédia fatalmente. Mas, não havia nada que ele pudesse fazer, até ter provas concretas do que ela estava lhe relatando, o que muitas vezes, acontecia quando já era tarde demais.
Foi com um pesaroso suspiro que o delegado Félix dispensou Beatriz, apertando sua mão e lhe convencendo que iria investigar Daniel e tentaria prendê-lo a todo custo. Mas isso não era verdade.
O boletim de ocorrência feito por ela, ficaria na pilha, junto com centenas de outros que esperavam investigação e que haviam sido lavrados antes. Esse caso, como tantos que haviam chegado às mãos do delegado, teria de esperar.
Beatriz saiu desolada da delegacia. Apesar das palavras de conforto do delegado, dizendo que iria investigar o caso, ela havia percebido que pouco adiantaria o boletim de ocorrência. Daniel continuaria solto e a ameaça à vida dela e a de Caio era cada vez mais iminente.
Uma sensação de abandono se instalou dentro dela. Como poderia, num país tão grande, haver tanta injustiça¿ quantas mulheres faziam queixas como ela, todos os dias e acabavam sendo agredidas novamente ou coisa pior.
A vida não é justa e a lei não protege os que realmente precisam.
Foi remoendo a conversa com o delegado Félix que beatriz voltou para o Cucina Dolce, muito calada, absorta em seus pensamentos a respeito da injustiça que havia no país que chamam de “abençoado por Deus”.
- Se isso é ser abençoado por Deus, então eu não quero acreditar nesse cara. – Beatriz murmurou ainda no carro com Pedro, que dirigia rumo ao restaurante.
Assim que a porta do escritório se abriu e Caio viu Beatriz entrar cabisbaixa, percebeu que a ida à delegacia poderia não ter sido uma boa ideia afinal.
- O que houve meu bem¿ - Caio já estava próximo a beatriz, abraçando-a.
- Não é nada. – Beatriz afundou o rosto contra o peito do namorado, tentando afastar toda a incerteza sobre o futuro.
- Então porque está assim¿ - Caio murmurou baixinho, enquanto afagava os cabelos dela.
- Ah, não vai dar em nada, o delegado até disse que iam investigar e tudo, mas eu sei que não vai acontecer. Havia uma pilha de boletins de ocorrência como o que eu fiz na mesa dele. O meu caso não deve ser o pior que havia ali, Caio, acho que não vamos poder contar com a polícia. – Beatriz terminou de falar com um suspiro profundo, estava cansada daquilo.
- Você contou tudo à ele¿
Beatriz hesitou, havia escondido talvez a parte mais importante de tudo. Agora, estava arrependida, mas não adiantava mais lamentar, se voltasse a delegacia para acrescentar alguma coisa ao seu relato, era provável que perdesse credibilidade quanto ao que falava.
-Bem eu, não contei tudo, não tive coragem de contar o que aconteceu na França, só disse que ele me agredia, mais nada.- A voz de Bia estava baixa e Caio suspirou.
Alguns instantes passaram até que ele dissesse alguma coisa.
- Você tinha que ter contado! Não pode ter tanta vergonha de contar o que aconteceu, já passou Bia! Não foi culpa sua e ninguém vai te julgar!
Ele estava quase gritando, nunca havia falado com Beatriz daquela forma e ela teve que se segurar pra não chorar.
- Eu sei, mas na hora travei. Não consegui. Estraguei tudo droga!
Dizendo isso ela deu as costas e saiu. Foi embora.
Caio ficou parado, as mãos cerradas ao lado do corpo, vendo-a se afastar. Não iria atrás dela, ambos precisavam de um tempo sozinhos.
Beatriz chegou a rua com raiva. Como ele podia não entender o quanto era difícil porá ela falar sobre aquilo¿ Ter que reviver as mesmas cenas que a atormentavam há tantos anos. Cada vez que contava aquilo a alguém era como atravessar uma faca em seu coração e torce-la devagar. Sangrava e doía de forma agoniante. Ela já não suportava aquilo.
Beatriz não chorou. Sentia apenas raiva.

Raiva de si, de Daniel, de Caio, da situação e de tudo o que tinha acontecido. Toda a dor estava tentando sair de alguma forma e ela sabia onde conseguiria extravasar aquilo.


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Boa Leitura!
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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Capítulo 12 - PArte 6

Assim que o avião em que a mãe e a irmã de Bia estavam decolou, ela e Caio retornaram para casa.
Naquele dia, não haviam ido à academia, e Caio havia prometido para Beatriz que, mais tarde, em casa, ele lhe daria mais algumas instruções sobre imobilização.
Logo ele passaria à ela a base de Krav Maga, que ela estava muito ansiosa em aprender. Beatriz começara a se sentir mais segura e confiante desde que Caio começou a ensiná-la defesa pessoal e agora, com as técnicas de Krav Maga, ela tinha certeza que, se Daniel ou qualquer outro tentasse investir contra ela, se arrependeria com toda certeza. Ela ainda precisava treinar um pouco mais, até ter certeza que poderia encaixar golpes e defesas com precisão, mas tinha Caio que sempre estava por perto para ajudá-la caso fosse necessário.
Assim que chegaram em casa, Caio e Beatriz foram direto para a cozinha, onde Marie já havia servido o almoço. Ambos comeram rápido, pois estavam atrasados para o trabalho. E o dia no Cucina Dolce, como sempre, prometia ser longo e estafante, exatamente da forma que eles gostavam.
O caminho até o restaurante foi tranquilo, mas assim que chegaram ao vestiário para se trocar, o telefone tocou. Beatriz correu para atender, pois Caio estava se despindo ainda.
- Cucina Dolce, Chef Beatriz, boa tarde! – o atendimento padrão que Beatriz e Caio haviam combinado de fazer sempre que atendessem ao telefone do restaurante estava funcionando melhor do que o “alô” seco que Chef Tulio costumava usar com quem quer que ligasse para lá.
- Hmm, que delícia ouvir a sua voz assim tão animada meu anjo. – A voz de Daniel atravessou o fone e acertou o ouvido de Beatriz com uma maciez que a fez sentir náuseas.
- O –o que você quer¿ - A voz dela estava trêmula, apesar de Beatriz tentar parecer o mais fria possível. Obviamente Daniel percebeu a insegurança e o medo dela.
- Apenas te ouvir e perguntar se sua mãe e irmã chegaram bem ontem e se deram meu abraço em você e naquele seu namoradinho. – A tom de voz de Daniel estava carregado de desdém.
- Fique longe delas! E não ligue para cá – Beatriz elevou sua voz e se surpreendeu com o próprio tom ameaçador.
- Ah, meu anjo, você não está em condições de exigir nada, mas eu só queria te dar um recado. Quero que saiba que eu venho te acompanhando há muito tempo, sei toda a sua rotina, o que faz, que horas acorda e até a academia em que você tem suas patéticas aulas de defesa pessoal com seu igualmente patético namoradinho. Isso não vai me deter minha cara, não vai mesmo. – Daniel terminou de falar e bateu o telefone. Beatriz ficou estática, escutando o barulho do outro lado da linha, tentando conter o pânico que tomava conta dela.
Nesse momento Caio entrou no escritório, afim de saber qual o motivo da ligação. Ele correu para perto de Beatriz e pegou o telefone das mãos dela assim que abriu a porta e viu a expressão de medo e horror que ela tinha.
Ao perceber que o telefonema havia sido interrompido, Caio bateu o telefone com força na mesa.
- Era ele não era¿ - O olhar de puro ódio de Caio fez com que Beatriz estremecesse apenas de pensar o que aconteceria quando eles encontrassem Daniel.
- Era, ele está nos seguindo Caio. O Daniel, ele sabe de tudo, das aulas de defesa pessoal, do restaurante, de tudo! – Beatriz levou as mãos aos cabelos, tentando recompor-se, em vão.
- Nós temos que ir à polícia, quem sabe eles possam grampear os telefones e tentar interceptar alguma ligação, quem sabe consigam encontra-lo e prende-lo.
- Não podemos ir juntos, alguém tem que ficar aqui no restaurante, para cuidar de tudo. – A voz de Caio transparecia muita preocupação.
- Eu vou então e levo o Pedro ou o Velasquez comigo.
Beatriz estava decidida, tinha que ser ela a denunciar Daniel, aquela situação já estava fugindo do controle e a perseguição que ele mantinha era desenfreada.
- Leve o Pedro, que é mais experiente, o Velasquez vai ficar vigiando o Cucina Dolce.
Assim os dois se despediram, Beatriz com a missão de tentar por um fim a tudo aquilo, quem sabe se envolvessem a policia, Daniel desistisse de investir contra eles.

Essa era a ultima carta que eles tinham na manga, se não funcionasse, teriam que enfrenta-lo e tentar detê-lo eles mesmos, embora ainda não soubessem como.
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Aí amores, beijos e boa semana a todos
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domingo, 2 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 5

- Eu também o amo – Foi o que Tulio escutou Alice dizer, sem fôlego, entre um beijo e outro.
Os dois estavam entregues aquele momento de paixão, como se quisessem recuperar todos os anos perdidos naqueles preciosos instantes dentro do carro.
Foram interrompidos por uma buzina, vinda de um carro atrás deles.
Alice e Tulio se assustaram, afastando-se por alguns instantes, a tempo de perceber que a estrada havia sido liberada e a fila de carros avançava lentamente.
Tulio ligou o Nissan e eles começaram a acompanhar o fluxo de carros.
Eles haviam perdido bastante tempo na fila, então decidiram parar em um hotel para pernoitar.
Acharam uma pousada numa cidadezinha que ficava há alguns quilômetros do ponto onde haviam ficado parados com o carro.
O lugar era pequeno e sossegado, uma típica cidade turística interiorana. Durante a volta que deram pela rua principal da cidade, em busca de algum lugar para pernoite, perceberam alguns locais que ofereciam café colonial, restaurantes com comida típica alemã e uma praça bastante chamativa, com diversas qualidades de arvores plantadas e bancos de madeira espalhados por todos os lados, proporcionando aos visitantes um bom lugar para descanso. Aos fundos dessa pracinha, havia uma caixa de areia grande, com escorregadores e balanças para as crianças.
Antes de irem para o hotel, Tulio e Alice pararam na praça, afim de conversarem um pouco mais sobre o passado.
- Quando você pretende contar para o Caio que eu sou o pai dele¿ - Tulio perguntou a Alice, enquanto andavam de mãos dadas entre as arvores distribuídas aleatoriamente pelo local.
Alice esperou alguns instantes para responder. Estava pensando sobreo assunto havia algum tempo, mas não havia chegado a nenhuma conclusão sobre isso.
- Eu não sei, eu pensei que talvez pudéssemos fazer isso juntos, se você concordar.
- Eu acho ótimo, gostaria de estar presente quando ele souber disso. – Tulio estava sério, mas sua voz transparecia calma e serenidade.
- Então está bem. Eu tenho que voltar para minha cidade para resolver alguns assuntos pendentes, tenho algumas palestras para dar na faculdade, mas assim que cumprir meus compromissos eu posso voltar à São Paulo para contarmos à ele, o que você acha¿
- Eu tenho uma contraproposta para fazer para você.
- Nós podemos voltar juntos para sua cidade, podemos usar esses dias em que você estiver ocupada para nos redescobrirmos e voltamos juntos para São Paulo, para dar a notícia ao nosso filho, o que você me diz¿
O rosto de Alice se iluminou, com um sorriso enorme, antes de ela  responder.
- Eu adorei a ideia, mas quero que você saiba que não vamos ter muito tempo, pois tenho que preparar minhas palestras e estudar algumas dissertações de alunos que estão sob minha tutela.
- Não tem problema, podemos conversar quando você tiver uma folguinha, eu também tenho alguns assuntos do restaurante para resolver e que me tomarão bastante tempo, mas quero muito passar algum tempo com você Alice, tenho coisas para contar. Coisas que eu deveria ter lhe dito há 26 anos atrás e por falta de coragem não disse.
- Bom, então, você gostaria de ficar na minha casa¿ - Alice perguntou timidamente e Tulio lhe respondeu com um sorriso feroz.
- Não imaginei que seria de outra forma.
Os dois já estavam voltando para o carro. Estavam cansados e precisavam comer alguma coisa.
A pousada em   se hospedaram era confortável. O quarto que eles escolheram tinha 2 ambientes. Uma suíte, com banheira de hidromassagem, uma cama grande de casal, feita com madeira de lei escura, coberta com lençóis e sobre lençóis de linho branco. Havia também uma sala, com bar e um sofá de couro num vermelho vinho . Em frente ao sofá havia uma televisão enorme pendurada na parede e  numa parede oposta no ambiente, havia uma lareira.
Assim que deixaram as malas no quarto, Tulio foi até o bar e abriu um vinho. Pegou duas taças de cristal e serviu-as, entregando uma delas a Alice logo em  seguida.
- Um brinde a nossa reaproximação e que desta vez, não tenhamos medo desse sentimento.
O tilintar das taças fez um agradável som reverberar no ambiente. Tulio e Alice tomaram o vinho em silêncio, olhando um para o outro e sorrindo com a promessa de uma noite de amor inesquecível aos dois.
Assim que o vinho que havia nas taças acabou, Tulio puxou Alice pela cintura para um beijo apaixonado.
Assim que suas bocas se encostaram, foi como se um descarga elétrica atravessasse seus corpos, indo de um ao outro, causando arrepios e um calor intenso nos dois.
Ambos estavam sem fôlego e extremamente excitados quando se afastaram, mas também estavam famintos.
Um de cada vez, eles tomaram banho e vestiram roupas limpas. Em seguida saíram em busca de um restaurante agradável e que oferecesse um bom jantar.
Não precisaram ir muito longe para achar um restaurante que chamou a atenção deles assim que avistaram a fachada colorida e convidativa do lugar.
O restaurante era aconchegante, assim que entraram foram recebidos por um rapaz muito bonito, vestindo um terno formal, que lhes conduziu, a pedido de Tulio para uma mesa reservada, mas ao fundo do restaurante.
Em seguida o rapaz voltou com o menu, que ofereceu a Tulio e Alice.
- Já decidiu o que vai querer¿
Tulio perguntou a Alice, após alguns minutos analisando o cardápio.
- Na verdade eu gostaria que você escolhesse. Me surpreenda Chef.
Tulio assentiu e em alguns minutos os pratos eram colocados em frente aos dois, o acompanhados de vinho tinto e uma suave música que saía das caixas de som espalhadas por todo o ambiente.
O Kassler (Bisteca de porco defumada e grelhada, chucrute e batatas cozidas com bacon) estava com uma aparência deliciosa, Alice e Tulio sentiram a boca encher-se de saliva com o aroma que vinha do prato.
Após uma refeição deliciosa, o casal voltou à pousada, estavam cansados e tinham assuntos pendentes para serem resolvidos na cama.

A noite acabou tarde, depois de Tulio e Alice fazerem amor apaixonadamente na bela cama do quarto que haviam escolhido, dormiram abraçados, sorrindo e com a certeza de que aquela história de amor agora teria uma bela continuação.
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Já estava com saudades de escrever pra vocês, ontem, no ônibus enquanto estávamos indo para Jaraguá, me peguei pensando nos personagens e nos desfechos que tenho bolado para o fim desse primeiro volume do Fascínio e fiquei realmente com saudades.
Essa história passou a ser uma parte de mim, coloco meus sentimentos em cada palavra que escrevo e não sei se vou conseguir me desapegar deste livro algum dia.
Obrigada a todos vocês que acompanham a história de Beatriz e Caio, sem vocês meus dias seriam mais tristes.
Beijos a todos.
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