quinta-feira, 6 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 8

A academia não ficava muito longe do restaurante, de modo que Beatriz resolveu ir andando até lá, tentando esfriar a cabeça.
Mas não funcionou.
Quando chegou ao galpão, estava prestes a entrar em combustão espontânea, tamanha era a raiva que tinha acumulado.
Ela abriu as grandes portas de metal com um empurrão, e passou pela recepção sem falar com ninguém, pisando duro, diretamente para a sala onde ela e caio treinavam.
A sala estava vazia, Beatriz foi para o vestiário e vestiu a roupa de ginástica que deixava no armário, voltou ao cômodo anterior e olhou à seu redor, procurando qual seria a primeira vitima da sua ira.
Seus olhos faiscaram quando ela viu o saco de areia pendurado no lado oposto ao que estava. A garota fez alguns exercícios de alongamento e caminhou até o outro lado da sala com passadas firmes, posicionou-se à frente do saco e começou a bater.
A sequência de chutes e socos que Caio havia passado para ela em uma das aulas era uma potente arma, se aplicada da forma correta e com segurança.
Beatriz entregou sua alma aquele exercício. Cada soco, cada chute, era direcionado com toda a raiva e frustração que ela guardava há tanto tempo. O saco de areia, porém, não parecia se importar em apanhar e Beatriz queria que fosse Daniel à sua frente, que era quem ela realmente desejava estar golpeando.
Quando seus braços e pernas começaram a ficar moles devido ao esforço, ela resolveu parar, deixando-se cair no chão, completamente exausta, pingando suor, mas muito mais calma.
Ainda estava magoada com Caio, mas tinha que voltar ao restaurante e ajuda-lo, seria falta de responsabilidade dela abandoná-lo lá durante todo o dia.
Beatriz levantou-se do chão e foi para o vestiário, tomou um banho, vestiu-se e saiu da academia da mesma forma que havia entrado, sem falar com ninguém. Agora porém sua expressão estava menos carregada e a cabeça mais leve. Mais ainda teria que enfrentar Caio e a raiva dele, mas isso poderia ser levado em fogo brando, pelo menos até a hora em que chegassem em casa, à noite.
Caio estava frustrado, depois da discussão com Beatriz, quando ela lhe deu as costas e foi embora, ele não se moveu de onde estava. Havia deixado-a ir, sem nem ao menos tentar entender a razão pela qual ela havia escondido aquelas informações tão importantes do delegado, quando prestara queixa, mais cedo naquele dia. Agora, estava arrependido e preocupado com ela.
Não sabia onde ela poderia ter ido e o que estava fazendo, mas estava demorando. Quando ele sacou o celular do bolso para ligar para ela, viu a silhueta de Beatriz atrás da porta do escritório.
Ele respirou fundo, pensando na tempestade que iria enfrentar. Mas ela entrou, olhou rapidamente para ele e desviou o olhar. Não perguntou nada a ele, apenas informou que se precisasse de algo, ela estaria na cozinha, virou-se e saiu, indiferente e calada, da mesma forma que havia entrado. O coração de Caio se apertou dentro do peito, mas ele afastou o sentimento e tentou se concentrar no trabalho novamente.
O dia seguiu como de costume no Cucina Dolce, agitado e cheio de problemas, e Caio estava ficando quase louco ao final do expediente no escritório. Beatriz fazia muita falta ali junto dele. Ela era mais doce e sabia contornar como ninguém o animo exaltado de alguns clientes e parceiros como os que ele havia atendido ao telefone.
Caio exercitara toda sua paciência e boa vontade durante todo aquele dia, lidando com pessoas mal humoradas e difíceis de conversar. Beatriz havia ficado na cozinha, ajudando os outros chefs ou então atendido alguns clientes especiais no salão principal do restaurante.
Bia não havia ido ao encontro de Caio uma única vez desde que voltara da rua, mais cedo e isso o estava atormentando. Mas ele decidiu fingir que não se importava, pelo menos era o que pretendia fazer, até encontrar ela sozinha no vestiário, ao final do expediente.
Todos já haviam ido embora e os dois acabaram ficando para resolver alguns assuntos pendentes de ultima hora. Beatriz conferiu o estoque e Caio algumas planilhas que precisavam ser estudadas para uma nova parceria, com um produtor de laticínios local.
Beatriz estava de costas para a porta e não ouviu Caio chegar sorrateiramente por trás dela. Mas ela pôde sentir. O perfume invadiu suas narinas, fazendo-a instintivamente fechar os olhos para sentir o aroma que emanava do corpo dele. Mesmo de longe, ela podia sentir a presença de Caio se aproximando, quente e sensual, como um felino perigoso, preparando o bote.
Beatriz havia passado o dia todo distante dele. O trabalho não havia rendido o quanto ela esperava, o mau humor decorrente daquilo e da discussão com ele se intensificou durante o dia e agora ela já se achava capaz de agredir fisicamente alguém que a provocasse. Beatriz estava fora de si.
Quando os braços de Caio passaram pela sua cintura e ele a abraçou, afundando o nariz em seus cabelos, Beatriz não pôde conter um sorriso.
- Ainda está brava comigo¿
- Na verdade, acho que estava brava com a situação toda, não com você especificamente. Mas já estou melhor.
- Hmm, fico feliz em saber disso – Caio começou a salpicar o pescoço de Beatriz com suaves beijos, deixando um rastro de pele formigando com uma deliciosa sensação de prazer onde seus lábios tocavam.
Beatriz suspirou
- Vamos para casa¿ Nesse momento eu só quero me afundar em você e esquecer todo esse dia de merda que tivemos.
Beatriz se virou nos braços dele, ficando com o rosto a centímetros de distância do de Caio, aos poucos foi se aproximando e o beijou, suave e lentamente, apreciando cada movimento da língua dele na sua boca, sentindo o gosto que ele tinha, fazendo tudo desaparecer ao redor dos dois.

Essa foi a única resposta que ela precisava dar. Quando se afastaram, Caio pegou a mão de Beatriz e a puxou rumo ao estacionamento, parando vez ou outra pra mais um beijo lento e sensual.

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Desculpem a demora em postar, mas está aí.
beijos a todos
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