A academia não ficava muito longe
do restaurante, de modo que Beatriz resolveu ir andando até lá, tentando
esfriar a cabeça.
Mas não funcionou.
Quando chegou ao galpão, estava
prestes a entrar em combustão espontânea, tamanha era a raiva que tinha
acumulado.
Ela abriu as grandes portas de
metal com um empurrão, e passou pela recepção sem falar com ninguém, pisando
duro, diretamente para a sala onde ela e caio treinavam.
A sala estava vazia, Beatriz foi
para o vestiário e vestiu a roupa de ginástica que deixava no armário, voltou
ao cômodo anterior e olhou à seu redor, procurando qual seria a primeira vitima
da sua ira.
Seus olhos faiscaram quando ela
viu o saco de areia pendurado no lado oposto ao que estava. A garota fez alguns
exercícios de alongamento e caminhou até o outro lado da sala com passadas
firmes, posicionou-se à frente do saco e começou a bater.
A sequência de chutes e socos que
Caio havia passado para ela em uma das aulas era uma potente arma, se aplicada
da forma correta e com segurança.
Beatriz entregou sua alma aquele
exercício. Cada soco, cada chute, era direcionado com toda a raiva e frustração
que ela guardava há tanto tempo. O saco de areia, porém, não parecia se
importar em apanhar e Beatriz queria que fosse Daniel à sua frente, que era
quem ela realmente desejava estar golpeando.
Quando seus braços e pernas
começaram a ficar moles devido ao esforço, ela resolveu parar, deixando-se cair
no chão, completamente exausta, pingando suor, mas muito mais calma.
Ainda estava magoada com Caio, mas
tinha que voltar ao restaurante e ajuda-lo, seria falta de responsabilidade
dela abandoná-lo lá durante todo o dia.
Beatriz levantou-se do chão e foi
para o vestiário, tomou um banho, vestiu-se e saiu da academia da mesma forma
que havia entrado, sem falar com ninguém. Agora porém sua expressão estava menos
carregada e a cabeça mais leve. Mais ainda teria que enfrentar Caio e a raiva
dele, mas isso poderia ser levado em fogo brando, pelo menos até a hora em que
chegassem em casa, à noite.
Caio estava frustrado, depois da
discussão com Beatriz, quando ela lhe deu as costas e foi embora, ele não se
moveu de onde estava. Havia deixado-a ir, sem nem ao menos tentar entender a razão
pela qual ela havia escondido aquelas informações tão importantes do delegado,
quando prestara queixa, mais cedo naquele dia. Agora, estava arrependido e
preocupado com ela.
Não sabia onde ela poderia ter ido
e o que estava fazendo, mas estava demorando. Quando ele sacou o celular do
bolso para ligar para ela, viu a silhueta de Beatriz atrás da porta do
escritório.
Ele respirou fundo, pensando na
tempestade que iria enfrentar. Mas ela entrou, olhou rapidamente para ele e
desviou o olhar. Não perguntou nada a ele, apenas informou que se precisasse de
algo, ela estaria na cozinha, virou-se e saiu, indiferente e calada, da mesma
forma que havia entrado. O coração de Caio se apertou dentro do peito, mas ele
afastou o sentimento e tentou se concentrar no trabalho novamente.
O dia seguiu como de costume no
Cucina Dolce, agitado e cheio de problemas, e Caio estava ficando quase louco
ao final do expediente no escritório. Beatriz fazia muita falta ali junto dele.
Ela era mais doce e sabia contornar como ninguém o animo exaltado de alguns
clientes e parceiros como os que ele havia atendido ao telefone.
Caio exercitara toda sua paciência
e boa vontade durante todo aquele dia, lidando com pessoas mal humoradas e
difíceis de conversar. Beatriz havia ficado na cozinha, ajudando os outros
chefs ou então atendido alguns clientes especiais no salão principal do
restaurante.
Bia não havia ido ao encontro de
Caio uma única vez desde que voltara da rua, mais cedo e isso o estava
atormentando. Mas ele decidiu fingir que não se importava, pelo menos era o que
pretendia fazer, até encontrar ela sozinha no vestiário, ao final do
expediente.
Todos já haviam ido embora e os
dois acabaram ficando para resolver alguns assuntos pendentes de ultima hora.
Beatriz conferiu o estoque e Caio algumas planilhas que precisavam ser
estudadas para uma nova parceria, com um produtor de laticínios local.
Beatriz estava de costas para a
porta e não ouviu Caio chegar sorrateiramente por trás dela. Mas ela pôde
sentir. O perfume invadiu suas narinas, fazendo-a instintivamente fechar os
olhos para sentir o aroma que emanava do corpo dele. Mesmo de longe, ela podia
sentir a presença de Caio se aproximando, quente e sensual, como um felino
perigoso, preparando o bote.
Beatriz havia passado o dia todo distante
dele. O trabalho não havia rendido o quanto ela esperava, o mau humor
decorrente daquilo e da discussão com ele se intensificou durante o dia e agora
ela já se achava capaz de agredir fisicamente alguém que a provocasse. Beatriz
estava fora de si.
Quando os braços de Caio passaram
pela sua cintura e ele a abraçou, afundando o nariz em seus cabelos, Beatriz
não pôde conter um sorriso.
- Ainda está brava comigo¿
- Na verdade, acho que estava
brava com a situação toda, não com você especificamente. Mas já estou melhor.
- Hmm, fico feliz em saber disso –
Caio começou a salpicar o pescoço de Beatriz com suaves beijos, deixando um
rastro de pele formigando com uma deliciosa sensação de prazer onde seus lábios
tocavam.
Beatriz suspirou
- Vamos para casa¿ Nesse momento
eu só quero me afundar em você e esquecer todo esse dia de merda que tivemos.
Beatriz se virou nos braços dele,
ficando com o rosto a centímetros de distância do de Caio, aos poucos foi se
aproximando e o beijou, suave e lentamente, apreciando cada movimento da língua
dele na sua boca, sentindo o gosto que ele tinha, fazendo tudo desaparecer ao
redor dos dois.
Essa foi a única resposta que ela
precisava dar. Quando se afastaram, Caio pegou a mão de Beatriz e a puxou rumo
ao estacionamento, parando vez ou outra pra mais um beijo lento e sensual.
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Desculpem a demora em postar, mas está aí.
beijos a todos
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