terça-feira, 11 de junho de 2013

Capítulo 12 - Parte 12

Depois de uma tarde toda na cama, Caio e Bia resolveram levantar quando o sol estava se pondo. Pelos janelões de vidro do quarto, podiam ver a estrela se esconder atrás dos prédios, a noite invadindo tudo e tornando a vista ainda mais bela que durante o dia.
Depois de uma passada na cozinha, para revirar a geladeira em busca de algo para preparar para o jantar, Beatriz se voltou para a tarefa de tentar dispensar Marie de suas funções naquela noite.
- Mas dona Beatriz, eu preciso fazer o jantar.
- Não Marie, não precisa, pode tirar o resto da noite de folga, eu e o Caio nos viramos, pode deixar, acho que não iremos passar fome.
Marie suspirou, derrotada, desamarrou o avental e saiu da cozinha balançando a cabeça. Ela não gostava de deixar as coisas pela metade e apesar de ter sido dispensada não concordava em não preparar e servir o jantar aos patrões.
Beatriz deu de ombros, Marie teria que se acostumar à abrir mão da cozinha de vez em quando.
Munida de seu Iphone, que conectou aos fones de ouvido, Beatriz deixou The Offspring tomar conta dos seus movimentos e pensamentos enquanto cozinhava.
Caio estava na sala, sentado numa das poltronas lendo o jornal. Estava sem camisa, os pelos ralos do peito aparecendo, de calça jeans escura e chinelos, definitivamente era uma visão e tanto.
Beatriz  se embalava no ritmo de Hammerhead enquanto picava as verduras e croutons para sua Caesar Salad.
Ela resolveu fazer um jantar leve, pois aquele dia já havia sido pesado o suficiente com a conversa que Caio havia tido com a mãe e Tulio, mais cedo.
Caio entrou na cozinha sem fazer barulho, foi até a geladeira e pegou uma garrafa de vinho.
Beatriz estava tão concentrada na sua tarefa que não percebeu ele se aproximando por trás dela. Caio tirou um dos fones, colocou na própria orelha e começou a morder a de Beatriz, puxando a pontinha do lóbulo com os dentes.
Beatriz estremeceu quando um arrepio percorreu lhe o pescoço. A orelha era um dos seus pontos fracos e Caio sabia disso muito bem.
Ela virou a cabeça para fita-lo e Caio estava sorrindo para ela. Ele aproximou os lábios da orelha dela mais uma vez e sussurrou:
- Vinho¿
Beatriz assentiu, ele então devolveu o fone ao ouvido dela e se afastou para servi-la.
Enquanto as taças de vinho eram esvaziadas pelos dois na cozinha, Caio arrumou a bancada para os dois. Dispôs o jogo americano, colocou pratos, talheres, e guardanapos de linho.
Beatriz finalizou a salada com uma generosa porção de azeite extra virgem e serviu.
Caio ajudou-a a se sentar e em seguida sentou-se ao seu lado. Beatriz serviu os dois e enquanto comiam, conversaram sobre as perspectivas de Caio sobre o que aconteceria dali para frente já que agora ele sabia sobre sua verdadeira paternidade.
- O que você vai fazer com relação ao Tulio¿             
Caio parou o movimento que fazia com o garfo em direção a boca, baixou o talher e respondeu.
- Nada, vou deixar como está.
- Acho que ele vai querer se aproximar de você de alguma forma, afinal agora que você sabe de tudo, ele vai querer fazer parte da sua vida.
- Acho que ele não vai tentar nada por enquanto. Eu preciso de um tempo para assimilar essa situação e já vamos ter que conviver diariamente no Cucina Dolce. Acho que ele não vai dar o primeiro passo, não faz o estilo dele, acho que ele vai deixar como está, pelo menos por enquanto.
O resto do jantar foi silencioso, vez ou outra Caio se perdia em pensamentos e Beatriz o observava, sem que ele percebesse.
Após o jantar, o casal subiu para o quarto, dividiram a banheira e foram se deitar.
Mas o sono não chegou conforme o esperado. Mesmo depois do sexo, eles estavam muito agitados para dormir, o dia havia sido cheio de revelações e a memória da tudo custava em pôr-se de lado para que Caio e Beatriz pudessem descansar.
Então resolveram conversar sobre outros assuntos, tentando esquecer o que havia acontecido durante o dia.
Caio começou interrogando Beatriz sobre o período feliz dela na França, o estágio e quis saber a respeito de Chef Gerard ( Beatriz teve quase certeza que Caio falava do seu antigo mentor com uma pontada de ciúmes).
Após relatar detalhadamente tudo o que aprendera com o Chef, Beatriz contou banalidades sobre o estágio, algumas besteiras que fez na cozinha e as broncas que tomou de alguns chefs mais experientes na época.
Então foi a vez de Bia perguntar a Caio sobre o passado. Ele desconversou sobre sua fase negra, comentou o motivo das prisões muito superficialmente, não quis se aprofundar no assunto e Beatriz resolveu não insistir.
Caio contou sobre a faculdade, a temporada que havia passado na Itália com a mãe, no período em que ela fora para o país palestrar sobre um dos seus mais famosos poetas: Dante Aligheri, que por incrível coincidência, tinha o mesmo sobrenome de Tulio.
Caio relatou também a infância feliz com o não-pai e a mãe em São Paulo, o quanto eles se dedicaram a ele, e que fizeram o que podiam para compensa-lo algumas ausências motivadas pelo trabalho.
Caio na realidade sempre tivera tudo, mas seus pais eram pé no chão e nunca permitiram que ele se transformasse num monstrinho. Na casa dele sempre houveram rotina e disciplina, mesmo que muitas vezes as técnicas fossem falhas, Alberto e Alice fizeram o melhor que podiam para educa-lo bem.
A história de Caio terminou com ele contando para Beatriz sobre seus primeiros meses de trabalho no Cucina Dolce, o quanto havia incomodado Chef Tulio. Apesar do talento nato para a cozinha, Caio era extremamente teimoso (tal qual o pai biológico) e isso dificultava o trabalho do grupo. Por diversas vezes, Chef Tulio havia se trancado no escritório com ele para uma “conversa séria” e apesar das ameaças constantes de demissão, Caio acabou entrando no ritmo e aprendendo a ceder quando necessário.
Quando encerrou o relato, Caio olhou para o lado e viu Beatriz dormindo tranquilamente abraçada a ele. Ela parecia realmente um anjo dormindo. Toda a tristeza que os olhos dela carregavam as vezes estavam escondidas enquanto ela dormia e seu rosto parecia muito mais sereno. Os pequenos vincos de preocupação na testa se desfaziam e a expressão dela não transmitia nada além de paz e tranquilidade.

Aos poucos, o sono veio chegando para Caio também e apesar de já estar perto da hora de amanhecer ele se entregou, completamente exausto, aquele descanso merecido.

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Aí pra vocês, logo terminando esse capítulo ai irei me dedicar completamente ao término do livro para publicação.
Obrigada a todos que lêem
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