Assim que o avião em que a mãe e a
irmã de Bia estavam decolou, ela e Caio retornaram para casa.
Naquele dia, não haviam ido à
academia, e Caio havia prometido para Beatriz que, mais tarde, em casa, ele lhe
daria mais algumas instruções sobre imobilização.
Logo ele passaria à ela a base de Krav
Maga, que ela estava muito ansiosa em aprender. Beatriz começara a se sentir
mais segura e confiante desde que Caio começou a ensiná-la defesa pessoal e agora,
com as técnicas de Krav Maga, ela tinha certeza que, se Daniel ou qualquer
outro tentasse investir contra ela, se arrependeria com toda certeza. Ela ainda
precisava treinar um pouco mais, até ter certeza que poderia encaixar golpes e
defesas com precisão, mas tinha Caio que sempre estava por perto para ajudá-la
caso fosse necessário.
Assim que chegaram em casa, Caio e
Beatriz foram direto para a cozinha, onde Marie já havia servido o almoço.
Ambos comeram rápido, pois estavam atrasados para o trabalho. E o dia no Cucina
Dolce, como sempre, prometia ser longo e estafante, exatamente da forma que
eles gostavam.
O caminho até o restaurante foi
tranquilo, mas assim que chegaram ao vestiário para se trocar, o telefone
tocou. Beatriz correu para atender, pois Caio estava se despindo ainda.
- Cucina Dolce, Chef Beatriz, boa
tarde! – o atendimento padrão que Beatriz e Caio haviam combinado de fazer
sempre que atendessem ao telefone do restaurante estava funcionando melhor do
que o “alô” seco que Chef Tulio costumava usar com quem quer que ligasse para
lá.
- Hmm, que delícia ouvir a sua voz
assim tão animada meu anjo. – A voz de Daniel atravessou o fone e acertou o
ouvido de Beatriz com uma maciez que a fez sentir náuseas.
- O –o que você quer¿ - A voz dela
estava trêmula, apesar de Beatriz tentar parecer o mais fria possível.
Obviamente Daniel percebeu a insegurança e o medo dela.
- Apenas te ouvir e perguntar se
sua mãe e irmã chegaram bem ontem e se deram meu abraço em você e naquele seu
namoradinho. – A tom de voz de Daniel estava carregado de desdém.
- Fique longe delas! E não ligue
para cá – Beatriz elevou sua voz e se surpreendeu com o próprio tom ameaçador.
- Ah, meu anjo, você não está em
condições de exigir nada, mas eu só queria te dar um recado. Quero que saiba
que eu venho te acompanhando há muito tempo, sei toda a sua rotina, o que faz,
que horas acorda e até a academia em que você tem suas patéticas aulas de
defesa pessoal com seu igualmente patético namoradinho. Isso não vai me deter
minha cara, não vai mesmo. – Daniel terminou de falar e bateu o telefone.
Beatriz ficou estática, escutando o barulho do outro lado da linha, tentando
conter o pânico que tomava conta dela.
Nesse momento Caio entrou no
escritório, afim de saber qual o motivo da ligação. Ele correu para perto de
Beatriz e pegou o telefone das mãos dela assim que abriu a porta e viu a
expressão de medo e horror que ela tinha.
Ao perceber que o telefonema havia
sido interrompido, Caio bateu o telefone com força na mesa.
- Era ele não era¿ - O olhar de
puro ódio de Caio fez com que Beatriz estremecesse apenas de pensar o que
aconteceria quando eles encontrassem Daniel.
- Era, ele está nos seguindo Caio.
O Daniel, ele sabe de tudo, das aulas de defesa pessoal, do restaurante, de
tudo! – Beatriz levou as mãos aos cabelos, tentando recompor-se, em vão.
- Nós temos que ir à polícia, quem
sabe eles possam grampear os telefones e tentar interceptar alguma ligação,
quem sabe consigam encontra-lo e prende-lo.
- Não podemos ir juntos, alguém
tem que ficar aqui no restaurante, para cuidar de tudo. – A voz de Caio
transparecia muita preocupação.
- Eu vou então e levo o Pedro ou o
Velasquez comigo.
Beatriz estava decidida, tinha que
ser ela a denunciar Daniel, aquela situação já estava fugindo do controle e a
perseguição que ele mantinha era desenfreada.
- Leve o Pedro, que é mais
experiente, o Velasquez vai ficar vigiando o Cucina Dolce.
Assim os dois se despediram, Beatriz
com a missão de tentar por um fim a tudo aquilo, quem sabe se envolvessem a
policia, Daniel desistisse de investir contra eles.
Essa era a ultima carta que eles
tinham na manga, se não funcionasse, teriam que enfrenta-lo e tentar detê-lo
eles mesmos, embora ainda não soubessem como.
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Aí amores, beijos e boa semana a todos
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