A medida que iam avançando a toda
pela rodovia, Caio fazia movimentos de zigue zague entre os carros, desviando
daqueles que atrapalhavam a tentativa de fuga dos dois.
- Sr. Caio, olhe pra trás – era a
voz de Pedro que vinha pelo telefone
Eles olharam e viram o Captiva
diminuindo a velocidade. Pedaços do pneu traseiro esquerdo do veiculo voavam
pela rodovia, atingindo para-brisas e laterais dos que estavam atrás e do lado
do veículo.
- Pedro, fique ai por perto, entre
em algum posto de gasolina ou restaurante e fique de olho. Siga-o quando ele
for embora.- Caio falava num tom contido, estava visivelmente nervoso.
- Sim senhor, farei isso, assim
que souber detalhes eu lhe aviso.- Pedro respondeu e desligou o telefone.
Beatriz arquejava espantada com a
cena que acabara de presenciar, prendeu a respiração por alguns instantes,
soltando-a lentamente depois que o Captiva parou no acostamento.
Ao longe ela viu aquela silhueta
já conhecida descer do carro, ir até a lateral esquerda e chutar violentamente
o lugar onde deveria estar o pneu.
Quem os seguia era Daniel.
Caio acompanhou a cena pelo
retrovisor e percebeu que Beatriz empalidecera quando seu perseguidor saiu do
carro, e ele imediatamente soube quem era.
- Filho da puta!
Caio exclamou alto enquanto batia com o punho
cerrado no volante do Veloster. Foi diminuindo a velocidade até estar dentro do
limite permitido e entrou no primeiro retorno que encontrou.
- Era o Daniel¿- Caio perguntou
para Beatriz, sem tirar os olhos da estrada.
- Sim – A resposta veio num
sussurro, enquanto Beatriz lutava para conter as lágrimas que brotavam no canto
de seus olhos.
Os dentes de Caio rangeram e ela
virou-se a tempo de vê-lo tencionar a mandíbula de forma drástica.
Caio contou mentalmente até
cinquenta antes de se permitir falar mais alguma coisa. Sentia um ódio
irracional daquele homem, e agradecia por Beatriz estar com ele no carro,
porque se não estivesse voltaria até onde ele estava e o mataria.
- Não se preocupe meu bem, o Pedro
vai ficar lá por perto e nos avisar onde aquele merda se esconde.
Beatriz apenas assentiu, estava apavorada
demais para articular qualquer resposta. Estava espantada com o tamanho da
loucura de Daniel, nunca havia imaginado que ele seria capaz de chegar ao ponto
de persegui-la de carro.
Naquele momento, ela entendeu que
o medo que sentia perto dele tinha fundamento. Agredi-la e violenta-la tinha
sido apenas uma parte do que ele era capaz, agora Beatriz não tinha duvidas que
Daniel era capaz de mata-la e a Caio também caso as coisas não acontecessem do
jeito dele.
O medo que sentia crescer a cada
instante passou a tomar conta dos seus pensamentos e Beatriz começou a chorar
compulsivamente, soluçando alto e tremendo. Os ombros chacoalhavam a medida que
mais e mais lágrimas escorriam pelas suas bochechas.
Caio parou o carro, desafivelou
seu cinto e o de Beatriz e a puxou para seu colo, afundando o rosto nos cabelos
dela, que encostou a cabeça em seu ombro e deixou as lagrimas rolarem
livremente.
Enquanto ele acariciava as costas
de Bia, ela beijava o pescoço dele suavemente, ao mesmo tempo que as lagrimas
que lhe escorriam dos olhos e molhavam a gola da camiseta que ele vestia.
Caio segurou as laterais do rosto
de Beatriz e começou a enxugar as lagrimas com os polegares. Mas como elas não
paravam, ele começou a beijar uma a uma, sentindo o gosto salgado que lhe
invadia a boca, tentando absorver junto com as lagrimas toda a tristeza e pavor
que tomavam conta dela.
Aos poucos Caio sentiu que Beatriz
relaxava no seu abraço, as lagrimas ficaram escassas e ela sorriu com os cantos
da boca. As bochechas estavam coradas e ela visivelmente envergonhada.
- Desculpa Caio, pela choradeira,
você não devia ter que ficar o tempo todo se controlando perto de mim. –
Enquanto falava, Beatriz passava delicadamente os dedos pela camisa de caio,
contornando os traços das letras escritas ali e fungava de leve, enquanto as
ultimas lagrimas escorriam por seu rosto.
- Do que você está falando¿ - Caio
enrugou a testa, não tinha entendido aonde ela queria chegar.
- É que eu percebi que você estava
muito bravo e teve que ficar se segurando pra não explodir e não devia ser
assim, você pode gritar comigo se precisar, eu não me importo, você nunca seria
capaz de me machucar como o Daniel fez. – Beatriz levantou o olhar, o encarando
enquanto falava, Caio então percebeu o que ela queria dizer. Ela achava que a
raiva que ele sentia era dela. Imaginou Beatriz se martirizando por ser um
incomodo ou um problema. Essa ideia embrulhou seu estomago.
Caio respirou fundo, enquanto
pensava em cada palavra que diria para ela, para que não pudessem haver
segundas interpretações. Assim que clareou a ideia começou a explicar:
- Bia, eu estava me segurando sim
e estava com raiva, mas não de você, era dele. Estava me controlando para não
dar meia volta com o carro e ir lá acabar com a raça daquele desgraçado. Minha
raiva é toda direcionada a ele, ao que aquele infeliz fez e ainda faz com você.
Ele não tem limites e não sabe quando parar. É isso que me deixa furioso, nunca
você minha querida.
Você só me faz bem, me tranquiliza
e me faz um homem melhor, por isso estou aqui com você, enfrentando tudo isso,
porque eu sei que cada minuto dessa agonia vai valer a pena lá no final, quando
a gente conseguir dar um jeito nesse cara e ele deixar a gente em paz.
Um sorriso preguiçoso se estendeu
por todo o rosto de Beatriz. Já não haviam mais lágrimas, apenas as marcas
vermelhas ao redor dos olhos que denunciavam que elas estiveram por ali.
Beatriz passou os braços ao redor
do pescoço de Caio e puxou levemente a cabeça dele em direção a sua, grudando
seus lábios aos dele.
O encontro das bocas deles foi
suave, delicado, primeiro só os lábios, roçando um no outro, sentindo a maciez
e a umidade ideal que eles tinham.
Aos poucos a boca de Beatriz foi
abrindo espaço para a língua de Caio, que entrou na boca dela tomando posse de
todos os cantos a que tinha direito.
Ao se tocarem dentro da boca de
Beatriz a língua dela e a de Caio começaram a dançar aquele já conhecido tango
lento e sensual, com muitos enlaces e movimentos lentamente calculados.
O gosto deles era singular, ela
tinha gosto de hortelã e ele canela, proporcionado pelas balas que mais
gostavam. A mistura dos dois sabores proporcionava a ambos uma sensação
sublime, que só encontravam ao trocarem aquela intimidade deliciosa.
-----------------------------------------
Ai amoreees, obrigada por acompanharem e desculpem por não postar no fim de semana mas estava muito corrido aqui pra mim.
beijos e aproveitem a leitura!
-----------------------------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário