segunda-feira, 27 de maio de 2013

Capítulo 12 - Parte 1

Já era tarde quando Beatriz e Caio entraram em casa e se jogaram num dos sofás da sala. O dia havia sido cansativo como nenhum deles lembrava já ter vivido.
O restaurante esteve lotado durante toda a noite, com comemorações, jantares de família e casais apaixonados  - e exigentes -, pedindo variadas combinações do menu e também reclamando de tudo o quanto era possível – e impossível- também.
Por fim, quando todos já haviam ido embora, inclusive os funcionários, ambos foram até o escritório acompanhados por Chef Tulio, que os explicou as minucias do trabalho e os apresentou as fichas de todos os colaboradores, clientes importantes e fornecedores do restaurante.
Todos os nomes formavam uma pilha enorme de folhas sobre a mesa. Caio e Bia ficaram estudando tudo até a hora que seus olhos começaram, a fechar sozinhos sobre as dezenas de páginas.
Colocaram o que faltava em uma pasta e a levaram para casa, a fim de terminar o estudo pela manhã, se houvesse tempo, pois as novas obrigações para com o restaurante prolongariam o horário de trabalho dos dois.
Teriam que começar mais cedo e sabe-se lá Deus que horas poderiam sair do Cucina Dolce.
Mas todo aquele trabalho extra e responsabilidade os estava animando como nunca antes havia acontecido. Ambos tinham certeza que era aquilo que almejavam para suas vidas e que se fosse para começarem dividindo a tarefa, se cada um cuidasse das suas obrigações, sem se meter muito nos assuntos do outro, estava ótimo.
Todos já estavam dormindo, então depois de uma boa meia hora esparramados no sofá, sem trocar palavra alguma, Caio e Beatriz resolveram subir para o quarto. Banharam-se e foram para cama, na verdade estavam tão cansados que nenhum pensamento sacana atravessou a cabeça deles, podia-se dizer que era uma primeira vez para ambos.
Em 5 minutos estavam desmaiados, ressonando suavemente e sim, babando cada um em seu travesseiro.
Às 8 horas da manhã, conforme programado, o Iphone de Beatriz começou a despertar, um toque nada sútil, que a acordaria logo nas primeiras notas “Deixa eu falar” aos berros foi escutado por todo o quarto, fazendo com que tanto Beatriz quanto Caio pulassem de susto na cama, olhassem um para o outro e começassem a rir um da expressão assustada estampada no rosto do outro.
- Eu te avisei que não era uma boa ideia colocar essa música como toque do despertador. – Caio disse, quando conseguiu controlar a risada.
- É agora eu concordo com você, vou mudar mais tarde. – Beatriz ainda ria.
Caio deitou novamente, colocou as mãos atrás da cabeça e assumiu um ar pensativo. Beatriz chegou mais perto e aconchegou a cabeça sobre o peito dele, acariciando sua barriga suavemente com uma das mãos.
Permanecerem quietos por alguns instantes, sem pensar em nada construtivo, apenas revivendo momentos que haviam passado juntos e lembrando de outras manãs em que haviam acordado na mesma cama.
- Sua mãe vai embora hoje¿ - Beatriz perguntou movendo a cabeça e erguendo os olhos, para encontrar os de Caio, que a fitavam ternamente.
- Sim, vai. O Tulio vai levar ela. – Caio estava mordendo a parte de dentro da bochecha. Beatriz nunca havia visto ele fazer aquilo, ficou intrigada.
- O chef Tulio¿ - Beatriz levantou as sobrancelhas, espantada.
- Sim, eles se conhecem há tempo, parece que tiveram um romance há muitos anos. – Caio tinha uma expressão intrigada refletida nos olhos, Beatriz então percebeu o que estva acontecendo e riu.
- Você está com ciúmes dela!
Caio a fitou por alguns instantes e então seu semblante se fechou.
- É claro que não. Deixe de bobagens. – ele virou o rosto e começou a olhar em direção a janela, que estava encoberta pelas cortinas.
- Está sim. Sua expressão não esconde, você está se roendo de ciúmes da sua mãe!
Caio balançou a cabeça frustrado. Era verdade, ele estava mesmo se roendo de ciúmes. Ele conhecia Chef Tulio o suficiente para saber que nunca havia se apegado a mulher nenhuma e não iria admitir que ele brincasse com sua mãe. Mas Alice nunca havia dado ao filho espaço para que se intrometesse em sua vida amorosa.
- Está bem eu estou sim com ciúmes, na verdade estou mais é preocupado com ela, ou melhor com o que o Chef Tulio pode fazer com ela, não quero ver a minha mãe magoada.
Beatriz o fitava com um olhar terno, ela admirava aquela preocupação que ele tinha com a mãe, mas ele estava sendo exagerado e ela teria que faze-lo encarar aquilo.
Bia segurou as mãos de Caio com as suas, e sorriu olhando o fundo azul dos olhos dele.
- Caio, eu sei que você se preocupa com a sua mãe e quer o melhor para ela. Isso é o que todo filho deseja para a sua mãe. Mas você não pode dizer o que é bom ou não para ela.
Alice é adulta e ninguém melhor que ela mesma para saber como conduzir a própria vida. Eu entendo o seu medo, diante do que você conhece sobre o Chef Tulio, mas como você mesmo  disse, eles já tiveram um romance no passado e pode ser que tenham alguns nós que ficaram para desatar.
Você não deve interferir e nem ficar chateado pelas decisões dela, Alice sabe o que faz e o melhor que você tem a fazer é dar todo o seu apoio para ela.
Caio estava olhando Bia atentamente, admirando as palavras que ela lhe dissera e a maneira como conduzira a conversa. Beatriz não havia elevado a voz e nem dito a ele o quanto estava sendo bobo e infantil por agir daquela forma – e ele sabia o quanto bobo e infantil estava sendo-pelo contrário, ela o havia aconselhado e lhe dito a verdade de uma forma que  parecesse que todo o ciúme e a insegurança que ele sentia pela mãe fossem comuns e fáceis de se resolver.
Caio retirou suas mãos das de Bia e colocou-as na cintura dela, puxando-a para um beijo terno e apaixonado. Foi a melhor forma que ele encontrou de agradece-la pelo conselho que havia lhe dado.
Logo se afastaram e foram até cozinha, onde a mãe e a irmã de Bia já estavam tomando café.
-Bom dia! – Caio e Beatriz falaram em uníssono, depois se entreolharam e sorriram.
- Bom dia mana, cunhadinho – Lara falou com a boa cheia.
- Bom dia para vocês também – Iara respondeu enquanto olhava de soslaio para a filha mais nova, que pelo visto não tinha aprendido nenhuma das lições de boas maneiras que ela havia lhe dado.
Beatriz e Caio se juntaram as duas à mesa e começaram a se servir. Iara perguntou a filha sobre o trabalho e como havia sido o dia.
- Foi muito bom, mas cansativo. E o passeio de vocês, como foi¿ - Beatriz perguntou enquanto bebericava sua xícara de café.
- Nós andamos muito, por diversas lojas, sua irmã é impossível. – Iara falava balançando a cabeça, mas com um toque de humor na voz.
Lara riu alto.
- Impossível nada, eu tenho bom gosto, só isso.- A garota parecia ofendida, mas como Beatriz a conhecia muito bem, soube que era só charme.
- Ahh, antes que eu me esqueça, encontramos um casal de amigos de vocês ontem e eles mandaram saudações para vocês, aliás, que casal apaixonado aquele, não conseguiam ficar sem se tocar nem por um minuto. – Iara riu com a lembrança.
- Que amigos a Anna e o Rodrigo não podem ser, pois estavam no restaurante e eu não me lembro de mais nenhum que seja assim tão próximo quanto eles. Esse casal contou a vocês os nomes deles¿ - Beatriz estava interessada em qual casal seria esse, Caio também.
- Você lembra Lara¿ - Iara franziu a testa, tentando se lembrar, mas os nomes não lhe viam à cabeça.
- Acho que era Danilo.... não, Danilo não... AhH! Daniel, isso Daniel e a moça era...
- Vitória – A voz de Beatriz saiu num sussurro engasgado, ela não podia acreditar naquilo. Daniel havia passado algum tempo com sua mãe e sua irmã e elas estavam desprotegidas. De repente, um medo irracional começou a tomar conta de Beatriz, que deixou a xicara de café escorregar das mãos e se espatifar no chão, espalhando dezenas de pedaços pela cozinha e sujando o chão com café.
Caio imediatamente afastou sua cadeira e levantou-se, pegando Beatriz em seus braços e a sacudindo levemente.
- Bia, tudo bem¿
Ela não respondeu.
Iara e Lara se entreolharam sem entender aquela ração extrema da garota, o que afinal aquele casal tinha a ver com ela e Caio e porque Beatriz havia tido aquela reação¿
- Caio o que está acontecendo, o que esse casal tem, o que eles fizeram que afeta a Beatriz tanto assim¿ - A voz de Iara era firme, porém preocupada.
Caio respirou fundo e falou com voz igualmente firme.
- Isso é um assunto entre mim e a Beatriz, me desculpe dona Iara, mas não podemos lhe contar nada.
- Ela tem que saber  Caio. – a voz de Bia refletia todo o medo que ela sentia, uma pontada de medo relampejo no peito de Iara, temendo o que a filha teria que lhe contar.
- Lara, por favor, vá dar uma volta no jardim e nos deixe a sós. 
Lara saiu emburrada da cozinha, deixando os três a sós.
Caio havia se sentado novamente e ajudado Beatriz a sentar-se ao seu lado, de frente para Iara, que os encarava atentamente.
Beatriz engoliu em seco, baixou os olhos para a mesa e sua voz não saiu mais alta que um sussurro.
- E-eu conheci o Daniel enquanto ainda fazia faculdade, ele cursava Artes e eu não conhecia muitas pessoas por lá. Ele era brasileiro e morava haviam alguns anos na França, de modo que me ajudou muito a entender o francês...
Na meia hora que se seguiu os olhos de Iara se arregalaram e contraíram de dor conforme a filha relatava tudo o que havia lhe acontecido na França.
Quando Beatriz não conseguia falar, pois o choro não lhe permitia, Caio tomava a frente da narração, descrevendo tudo o que Beatriz havia passado nas mãos de Daniel.
Terminaram a narrativa, contando a Iara a respeito da perseguição de Daniel à Beatriz já no Brasil e o motivo pelo qual eles haviam abandonado o antigo prédio tão logo começaram a se relacionar.
Iara inspirou fundo e lágrimas brotaram no canto de seus olhos quando Caio e Beatriz a fitaram após terminarem de falar.
Iara então afundou o rosto nas mãos e chorou como uma criança, soluçando e perguntando porque Beatriz não havia contado nada à ela antes.
Beatriz deu a volta na mesa e abraçou a mãe, tentando acalmá-la.
- Calma mãe, agora eu estou bem, o Caio cuida muito bem de mim e ele, bem, ele me ama.
Ao dizer isso Beatriz levantou os olhos para o amado e o encontrou fitando-a e sorrindo, enquanto assentia coma  cabeça, confirmando o que ela dizia à sua mãe.

- É isso mesmo dona Iara, eu a amo como jamais amei alguém na vida e posso afirmar para a senhora que enquanto eu estiver por perto, nada de ruim vai acontecer à sua filha novamente.

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Pra compensar que ontem não postei hoje fiz um mega gigante pra vcs.
beijos amores até amanhã
=o**
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