terça-feira, 28 de maio de 2013

Capítulo 12 - PArte 2

Beatriz puxou a mãe para um abraço e enquanto Iara afundava nos seus cabelos cacheados, soluçando, Bia afagava as costas dela suavemente, confortando-a, da mesma forma que Caio fizera com ela quando lhe contara tudo o que havia acontecido.
Aos poucos os soluços diminuíram e as lagrimas cessaram, Iara enxugou o rosto com as costas de uma das mãos e encarou a filha por alguns instantes, pesando as palavras antes de falar.
- Porque você nunca nos contou¿ - O olhar inquisidor da mãe fez Beatriz estremecer.
- e- eu nunca tive coragem, precisei usar toda a força que eu tinha para deixar as memórias de tudo aquilo de lado e retomar a minha vida. Contar o que aconteceu é como reviver tudo em detalhes, é aterrorizante.  Passei todo o restante da minha estadia na França me ocupando com o máximo de coisas que eu conseguia, para nunca ter tempo de parar para pensar, porque se eu começasse, eu lembraria de todo aquele terror, do cheiro de álcool e o gosto de sangue que eu sentia na minha boca constantemente.
Quando finalmente consegui contar a alguém, eu recebi muito apoio porque tenho certeza, que se não tivesse recebido, eu teria me afundado em um poço de auto piedade e não tenho certeza se conseguiria sair dele.
Caio chegou mais perto das duas e colocou a mão no ombro de beatriz, apertando suavemente, para demonstrar que estava ali, com ela, protegendo-a, apoiando-a.
Iara fitou a filha, os olhos pareciam desesperados, ainda estavam marejados.
- Me desculpe filha, por não ter prestado atenção, por não ter percebido que havia algo de errado. Eu achei que o fato de você ter parado de nos ligar de repente se devia as responsabilidades do curso, nunca imaginei que fosse por causa de algo assim. – O balançar constante da cabeça da mãe fez Beatriz tentar imaginar o que ela estava pensando.
- Tudo bem mãe, não é culpa sua, nem minha, a culpa é toda do Daniel, é ele que tem que pagar por isso  e não a gente. É ele que tem que sofrer. E eu quero cuidar disso pessoalmente, quero ver ele sentir que está despedaçado, sem chão, sem nada. Quero que ele d=sinta o desespero que eu senti, quando percebi que não era mais nada, que ele tinha retirado tudo o que havia de bom em mim, quero ver ele pagar por tudo o que me fez e quero poder ter o prazer de assistir tudo de camarote.
Iara se assustou um pouco com as palavras da filha, mas não tinha dimensão da mágoa que Bia carregava. Sabia apenas que a dor que ela sentia naquele momento, depois de saber de tudo era quase insuportável.
- Você ainda não sabe de tudo, eu preciso te mostrar mais uma coisa.
Iara suspirou fundo e assentiu. “ O que será que vem agora¿” Ela perguntou a si mesma.
- Tudo bem filha, seja o que for você pode me contar.
- Eu preciso que você venha comigo, é algo que preciso mostrar, mais do que contar.
Iara assentiu e seguiu Bia escada acima em direção ao quarto. Caio ficou na cozinha, resolveu deixar as duas sozinhas, presumindo que Beatriz queria um momento a sós com a mãe para lhe mostrar a tatuagem.
Agora ele precisava falar com Pedro e Velasquez, a respeito da segurança da mãe e da irmã de Bia, pois Daniel já tinha mais dois alvos que poderia querer acertar de alguma forma.
Cerca de 20 minutos depois de entrarem no quarto que Caio e Beatriz ocupavam, Iara estava ligeiramente tonta, tentando avaliar e pensar em todas as informações que a filha havia lhe contado. Era tudo tão trágico e desesperador que ela mal podia respirar.
Um nó estava atravessado em sua garganta, seus olhos estavam marejados e tudo o que ela queria era afundar a cabeça em um travesseiro e chorar até o seu peito doer. Embora ela achasse que já havia chorado naquele dia mais do que já chorara em toda sua vida.
Saber de tudo o que havia acontecido com a filha, foi como se a tivessem empurrado da beira de um precipício e ela tivesse aterrissado de cara no chão. Tudo havia perdido o foco, se transformando em um emaranhado de situações que ela tinha medo de vasculhar e tentar entender porque haviam acontecido daquela forma. Um medo aterrador começou a tomar conta dela, medo do que poderia ter acontecido com ela e lara enquanto estiveram na companhia daquele monstro.
De repente ela entendeu porque haviam seguranças seguindo Caio e Beatriz por onde quer que eles estivessem e entendeu também porque o genro queria que ela levasse um deles junto ao passeio.
Naquele momento, ela decidiu que queria ir embora e levar Lara consigo, pois se ficassem ali só iriam causar mais riscos à Caio e bia, seram presa fácil para Daniel e poderiam colocar tudo o que os dois estavam construindo a perder.
Iara olhou para a filha mais velha, que estava parada á sua frente, avaliando sua expressão.
- Bia, eu e sua irmã vamos embora.
- O que¿ - Beatriz não estava entendendo
- Acho que é melhor. Veja bem, aqui eu e sua irmão seremos uma presa fácil para o Daniel e tenho certeza que você e Caio não conseguirão trabalhar em paz se nós ficarmos aqui. E eu quero sinceramente que você seja feliz com esse rapaz. E a única forma é me afastando agora, não correndo o risco de ser pega. Caio é ótimo e tenho certeza  que ele a protegerá se você precisar, mas sua irmã ainda é minha responsabilidade e eu tenho que pensar na segurança dela também.
Beatriz assentiu. Estava triste, mas sabia que a mãe tinha razão. O melhor para ela e sua irmã era saírem dali o quanto antes.
Iara foi até o quarto em que estava a filha mais nova e mandou que Lara se trocasse rapidamente, enquanto a menina fazia isso ela ligou para o aeroporto e conseguiu um voopara dali a duas horas. Era perfeito.

Então, as 11 horas da manhã, Bia e Caio estavam no saguão do aeroporto, se despedindo das duas. Uma despedida chorosa, mas sem segredos, finalmente.
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Espero que gostem
beijos
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