quinta-feira, 25 de abril de 2013

Capítulo 10 - Parte 5


Beatriz estava conferindo as planilhas de pedidos e entregas quando percebeu que o estoque estava desfalcado.

Estavam faltando legumes, verduras e temperos, que deveriam ter sido entregues logo cedo pela manhã e ainda não haviam chegado.

Ela foi até o escritório do Chef Tulio e pediu a ele o telefone do fornecedor, ele pegou sua agenda e procurou por alguns instantes, até encontrar o telefone que ela precisava. Beatriz sentou-se na cadeira em frente á dele, pegou o telefone e discou o número que Chef Tulio havia lhe dado.

Chef Tulio sabia do problema com aquele fornecedor e havia escolhido Beatriz para comandar a cozinha naquele dia porque queria testar a habilidade de negociação dela.

Aquele era de longe o parceiro mais difícil que Tulio tinha no restaurante, era um senhor bronco, grosseiro, que atrasava os pedidos e sempre queria ter a ultima palavra sobre tudo.

Chef Tulio ficou admirado com a firmeza de Beatriz ao entrar em sua sala e pedir o numero de contato do homem, que com certeza a trataria mal ao telefone, como muitas vezes fazia com ele também.

Ele não se moveu do seu lugar no escritório, queria ver como ela iria lidar com a situação, se demostraria fraqueza ou seria profissional o suficiente para não se deixar abater por aquele homem rústico que fazia as entregas.

Beatriz esperou alguns instantes, e no terceiro toque do telefone uma voz rouca e cheia de sotaque interiorano atendeu.

- Que foi Túlio! Se vier me encher o saco por causa dos legumes nem começa! Estou com muitos problemas com a colheita. Meu pessoal está desfalcado e não vou poder fazer sua entrega!

O homem cuspiu as palavras em Beatriz, que por um segundo pensou em desligar o telefone e sair correndo dali.

- O-oi, aqui não é o Chef Tulio, meu nome é Beatriz e estou encarregada de garantir que essa entrega chegue até nós hoje. Com quem eu falo¿

- Eu sou o Salvador.

- Então bom dia seu Salvador. – Ela não esperou pela resposta dele, desandou a falar.

- Seu Salvador, nós estamos em um impasse. O senhor está me dizendo que não vai fazer a entrega, mas a planilha que tenho em mãos, diz que o senhor deveria ter entregue aqui hoje mais cedo alguns intens. Vou le-los e o senhor diz se a lista que eu tenho está correta.

- 10 kg de cebolas;

- 10 kg de tomates;

- 20 maços de agrião;

- 20 cabeças de alface;

- 20 kg de batata inglesa;

- 20 maços de salsinha;

- 20 maços de cebolinha verde;

- 5 maços de folhas de manjericão;

- Está correto¿- Beatriz tinha a voz firme, Chef Tulio estava ligeiramente impressionado, mas não deixava transparecer nada.

- Sim, é isso aí mesmo. – Salvador tinha a voz inexpressiva.

- Bom, então que quero saber se o senhor tem esses itens a disposição em estoque.

- Não tenho tudo, e não posso abandonar minha propriedade, o meu encarregado não veio e não posso deixar os outros sem supervisão.

- Então seu Salvador, o senhor vai até o seu vizinho que até onde eu sei também vende alguns desses itens e compre o que falta dele. Em 30 minutos eu estarei ai para buscar o que falta e quero que esteja tudo pronto.

- Eu não vou pedir nada ao meu vizinho! -  Chef Tulio escutava o colono gritar do outro lado da linha e viu Beatriz afastar levemente o telefone do ouvido.

- Bom então dentro de meia hora estarei  com o advogado do Cucina Dolce, discutindo o processo que iremos mover contra o senhor pela quebra de contrato..

Chef Tulio Levantou-se correndo, pegou o contrato no arquivo que ficava atrás de sua mesa e tirou de lá o contrato, achou a clausula que falava sobre a quebra do acordo e mostrou a Beatriz.

Ela sorriu para ele, correu os olhos pelo papel e continuou a falar.

- Pelo que eu estou lendo aqui seu Salvador, a multa prevista pela quebra desse contrato obrigaria o senhor a vender uma boa parte do equipamento e maquinário que o senhor deve ter ai na sua fazenda e eu sinceramente duvido muito que um processo movido pelo Cucina Dolce estimularia novos clientes a procurarem os seus serviços.

- Está certo, passe aqui em meia hora que sua entrega estará pronta.

- Então até logo

Beatiz desligou o telefone, respirou fundo e sorriu mostrando todos os dentes.

Chef Tulio a olhava boquiaberto, ela havia mostrado muito pulso, mais até do que ele mesmo quando conversava com aquele colono irritante.

- Chef Tulio, eu vou chamar um táxi e vou lá buscar o pedido.- Ela o olhava como se pedisse permissão. Ele meneou a cabeça em negativa.

- Taxi não, vamos juntos no meu carro, será mais rápido e o pessoal da cozinha deve estar precisando desses ingredientes, quanto antes chegarem aqui, melhor.

Beatriz assentiu, Chef Tulio saiu e ela o seguiu, passaram na cozinha e avisaram Ana onde estavam indo e o que iriam fazer, pegaram o carro do Chef  na garagem e saíram.
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Postando antes hoje, talvez a noite role mais um.
beijos queridos
http://ask.fm/livrofascinio
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Um comentário:

  1. Muito bom! conheço esse jeito firme de ser!
    Parabéns! O livro está ótimo!

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