Beatriz estava conferindo as
planilhas de pedidos e entregas quando percebeu que o estoque estava
desfalcado.
Estavam faltando legumes,
verduras e temperos, que deveriam ter sido entregues logo cedo pela manhã e
ainda não haviam chegado.
Ela foi até o escritório do Chef
Tulio e pediu a ele o telefone do fornecedor, ele pegou sua agenda e procurou
por alguns instantes, até encontrar o telefone que ela precisava. Beatriz
sentou-se na cadeira em frente á dele, pegou o telefone e discou o número que
Chef Tulio havia lhe dado.
Chef Tulio sabia do problema com
aquele fornecedor e havia escolhido Beatriz para comandar a cozinha naquele dia
porque queria testar a habilidade de negociação dela.
Aquele era de longe o parceiro
mais difícil que Tulio tinha no restaurante, era um senhor bronco, grosseiro,
que atrasava os pedidos e sempre queria ter a ultima palavra sobre tudo.
Chef Tulio ficou admirado com a
firmeza de Beatriz ao entrar em sua sala e pedir o numero de contato do homem,
que com certeza a trataria mal ao telefone, como muitas vezes fazia com ele
também.
Ele não se moveu do seu lugar no
escritório, queria ver como ela iria lidar com a situação, se demostraria
fraqueza ou seria profissional o suficiente para não se deixar abater por
aquele homem rústico que fazia as entregas.
Beatriz esperou alguns instantes,
e no terceiro toque do telefone uma voz rouca e cheia de sotaque interiorano
atendeu.
- Que foi Túlio! Se vier me
encher o saco por causa dos legumes nem começa! Estou com muitos problemas com
a colheita. Meu pessoal está desfalcado e não vou poder fazer sua entrega!
O homem cuspiu as palavras em
Beatriz, que por um segundo pensou em desligar o telefone e sair correndo dali.
- O-oi, aqui não é o Chef Tulio,
meu nome é Beatriz e estou encarregada de garantir que essa entrega chegue até
nós hoje. Com quem eu falo¿
- Eu sou o Salvador.
- Então bom dia seu Salvador. –
Ela não esperou pela resposta dele, desandou a falar.
- Seu Salvador, nós estamos em um
impasse. O senhor está me dizendo que não vai fazer a entrega, mas a planilha
que tenho em mãos, diz que o senhor deveria ter entregue aqui hoje mais cedo
alguns intens. Vou le-los e o senhor diz se a lista que eu tenho está correta.
- 10 kg de cebolas;
- 10 kg de tomates;
- 20 maços de agrião;
- 20 cabeças de alface;
- 20 kg de batata inglesa;
- 20 maços de salsinha;
- 20 maços de cebolinha verde;
- 5 maços de folhas de manjericão;
- Está correto¿- Beatriz tinha a
voz firme, Chef Tulio estava ligeiramente impressionado, mas não deixava
transparecer nada.
- Sim, é isso aí mesmo. –
Salvador tinha a voz inexpressiva.
- Bom, então que quero saber se o
senhor tem esses itens a disposição em estoque.
- Não tenho tudo, e não posso
abandonar minha propriedade, o meu encarregado não veio e não posso deixar os
outros sem supervisão.
- Então seu Salvador, o senhor
vai até o seu vizinho que até onde eu sei também vende alguns desses itens e
compre o que falta dele. Em 30 minutos eu estarei ai para buscar o que falta e
quero que esteja tudo pronto.
- Eu não vou pedir nada ao meu
vizinho! - Chef Tulio escutava o colono
gritar do outro lado da linha e viu Beatriz afastar levemente o telefone do
ouvido.
- Bom então dentro de meia hora
estarei com o advogado do Cucina Dolce,
discutindo o processo que iremos mover contra o senhor pela quebra de contrato..
Chef Tulio Levantou-se correndo,
pegou o contrato no arquivo que ficava atrás de sua mesa e tirou de lá o
contrato, achou a clausula que falava sobre a quebra do acordo e mostrou a
Beatriz.
Ela sorriu para ele, correu os
olhos pelo papel e continuou a falar.
- Pelo que eu estou lendo aqui
seu Salvador, a multa prevista pela quebra desse contrato obrigaria o senhor a
vender uma boa parte do equipamento e maquinário que o senhor deve ter ai na
sua fazenda e eu sinceramente duvido muito que um processo movido pelo Cucina
Dolce estimularia novos clientes a procurarem os seus serviços.
- Está certo, passe aqui em meia
hora que sua entrega estará pronta.
- Então até logo
Beatiz desligou o telefone,
respirou fundo e sorriu mostrando todos os dentes.
Chef Tulio a olhava boquiaberto,
ela havia mostrado muito pulso, mais até do que ele mesmo quando conversava com
aquele colono irritante.
- Chef Tulio, eu vou chamar um
táxi e vou lá buscar o pedido.- Ela o olhava como se pedisse permissão. Ele
meneou a cabeça em negativa.
- Taxi não, vamos juntos no meu
carro, será mais rápido e o pessoal da cozinha deve estar precisando desses
ingredientes, quanto antes chegarem aqui, melhor.
Beatriz assentiu, Chef Tulio saiu
e ela o seguiu, passaram na cozinha e avisaram Ana onde estavam indo e o que
iriam fazer, pegaram o carro do Chef na
garagem e saíram.
---------------------------------Postando antes hoje, talvez a noite role mais um.
beijos queridos
http://ask.fm/livrofascinio
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Muito bom! conheço esse jeito firme de ser!
ResponderExcluirParabéns! O livro está ótimo!