domingo, 14 de abril de 2013

Capítulo 7 - parte 3


- Eu fui pra casa e nas semanas que se passaram evitei ele a todo custo. Ele me telefonava, me esperava perto do campus e chegou até a ir na minha casa, mas eu não atendi. Estava com medo dele, não sabia o que Daniel podia fazer. A amiga da minha mãe não sabia o que ele tinha feito e deixou ele entrar.

Ele me chamou pra jantar fora, pra gente acertar as coisas, eu concordei e fomos a um restaurante conhecido perto de casa.

Conversamos e ele me disse que estava arrependido, que nunca mais ia fazer aquilo, que eu podia confiar nele . E eu acreditei, não tinha porque não acreditar no que ele me falava.

Fomos pra casa dele aquela noite e de manhã quando acordamos, ele me pediu para morar com ele.

Eu aceitei e no final daquela semana fizemos a mudança. As primeiras semanas foram ótimas. Ele era atencioso e carinhoso, parecia que realmente se importava. Mas com o tempo ele começou a trazer alguns amigos em casa e a beber, e as vezes um dos amigos trazia cocaína e eles cheiravam.

Em geral eu chegava em casa e ia direto pro quarto, me trancava e ficava lá até de manha, muitas vezes não conseguia dormir, ficava com medo do que podia acontecer se eu dormisse.

Um dia dispensaram a gente antes das aulas e toda a turma resolveu ir até um barzinho beber alguma coisa e comer um sanduíche. Fomos e ficamos conversando por um tempo, eu bebi suco e o resto no pessoal bebeu vinho. Perdi a noção do tempo e quando cheguei em casa já era noite e o Daniel estava lá com os amigos dele.

Ele estava furioso, havia bebido e tinha cocaína sobre a mesa de centro na sala. Quando eu abri a porta e entrei ele veio na minha direção e me deu um tapa, eu fui jogada contra a porta.

Me encolhi e ele veio de novo pra cima de mim. Agarrou os meus cabelos e me arrastou até o quarto. Disse que eu estava com outro, que aquele filho não era dele e que eu ia aprender .

Ele começou a me bater de verdade, socos, chutes, eu tentava gritar, mas minha voz não saía, eu estava apavorada demais.

Ele gritava e dizia que eu era fraca, que não podia fazer nada contra ele, que não queria o meu filho.

Eu me encolhi na cama e aguentei. Quando ele cansou de bater, chamou os amigos dele.-

Beatriz soluçou, sentiu as lágrimas começarem a rolar, Caio se aproximou mais dela, mas ela não deixou que a tocasse, precisava terminar de falar, se ele a tocasse, perderia a coragem de contar o resto da história, a pior parte.

-Daniel mandou que me segurassem, que íamos ter uma festinha, ele rasgou as minhas roupas e veio pra cima de mim, eu tentei chutar, me debater, mas os amigos dele me seguraram com mais força e eu acabei desistindo. Tentei pensar em outra coisa e apenas deixei que ele fizesse aquilo comigo.

Todo o tempo em que estava sobre mim ele sussurrava o quanto me amava, que eu era o seu anjo e o quanto ele me queria.

Quando ele terminou, chamou um dos amigos, e quando aquele terminou, foi a vez do outro. Quando eles finalmente cansaram de mim, foram embora e me deixaram ali, sozinha.

Eu estava sangrando, sentia muita dor em todo o corpo, por causa da surra e do que haviam feito comigo. Consegui me arrastar até o corredor do prédio e acabei desmaiando ali.

Um vizinho me encontrou e me levou para o hospital. Acordei no outro dia, muito dolorida. Estava cheia de hematomas e tinha um dos braços engessado.

Quando o médico veio falar comigo ele me contou que eu havia quebrado o braço e duas costelas, tinha um corte no supercílio que precisou de alguns pontos, um dos olhos inchado e mais algumas escoriações pelo corpo.

Eu perguntei a respeito do bebê, e ele falou que devido à agressão eu tinha perdido. Fiquei arrasada, eu não sabia o que fazer, a quem recorrer, estava com medo do Daniel e do que ele podia fazer comigo.

Antes de sair do hospital, uma psicóloga veio falar comigo e perguntou a respeito do pai da criança e comentou sobre o estupro, mas eu não consegui falar com ela, na verdade, nunca falei sobre isso com ninguém, eu me fechei pra tudo, até hoje.-

Caio suspirou fundo, uma, duas, três, vezes para se acalmar, estava possesso com o que Beatriz lhe contara, enojado com o que haviam feito com ela e profundamente admirado com toda a força que ela tinha, em aguentar tudo aquilo sozinha em um país distante, sem o apoio de ninguém.

-E o que aconteceu depois¿ Você viu esse cara de novo¿- A voz de Caio estava grave, ele tentava controlar a ira.

-Não, depois que eu saí do hospital nunca mais o vi ou falei com ele, me formei, estagiei em um restaurante por lá e logo que voltei ao Brasil fui chamada pra trabalhar aqui no Cucina Dolce.

- Fazem 4 anos que não vejo o Daniel.

- Então o que aconteceu ontem¿- Caio não estava entendendo o que estava acontecendo

- Ele descobriu o numero do meu celular e me mandou uma mensagem, dizendo que logo iriamos nos ver. Eu estou com medo, Caio, medo que ele me encontre e medo do que ele pode fazer.

Beatriz fungou, limpou o nariz com as costas das mãos e sentiu Caio chegando mais perto. Ele a abraçou forte e disse.

- Não precisa ter medo minha menina, eu estou aqui e vou te proteger dele, vou estar aqui com você sempre, para tudo que você precisar.

Caio estava tentando assimilar todas aquelas informações, estava com medo também, medo por Beatriz, do que poderia acontecer com ela e do que estava por vir.

Sentia agora mais do que nunca que deveria protege-la, para que nada de perverso como aquilo acontecesse com ela. Precisaria ajuda-la a curar suas feridas, daria a Beatriz todo o amor que aquele monstro não soube dar, toda a atenção e carinho que ela merecia, faria com que ela fosse feliz com ele, pois Beatriz já era tudo o que ele precisava para ser feliz.
 
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E esse é o grande segredo dela, o que será qe ainda vem pela frente?
Obrigada a todos que estão lendo, vocês estão fazendo meus dias valerem mais a pena!
=o***
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