CAPÍTULO 7 – o passado ressurge
- Acho que deveríamos sair daqui,
não vai demorar muito para o porteiro vir conferir se ainda há alguém
trabalhando.- Caio falava enquanto beijava o topo da cabeça de Beatriz, que
estava encostada em seu peito.
Ele levantou e estendeu a mão
para ajuda-la. Beatriz segurou a mão que ele lhe oferecia e ergueu-se do chão,
se ajeitou e arrumou o cabelo, que estava emaranhado.
Eles saíram do Cucina Dolce e
seguiram rumo ao apartamento de Beatriz, tomaram vinho e conversaram, ele lhe
contou o motivo do rompimento com Joana e ela se sentiu lisonjeada.
Os dois dias que se seguiram
foram muito turbulentos no Cucina Dolce, pois Chef Tulio teria que se ausentar
alguns dias para resolver alguns assuntos pendentes em outra cidade e teria que
escolher um dos atuais chefs para comandar a cozinha na sua ausência. Ao fim do expediente da terça feira, reuniu os
chefs em seu escritório para uma conversa.
Todos estavam em frente à sua
mesa esperando quando ele começou a falar:
- Eu terei que me ausentar por
alguns dias, tenho assuntos para resolver e vou designar um de vocês para
comandar a cozinha na minha ausência.- Ele falou enquanto olhava um a um, nos
olhos, tentando decifrar o que estavam pensando.
- Irei observá-los durante o
resto da semana, e no Domingo informarei a minha decisão, quero que deem o seu
melhor, porque essa chance vai abrir muitas portas para vocês, pois pretendo me
dedicar mais a parte do escritório e precisarei de alguém que fique à frente da
cozinha permanentemente, depois dessa viajem, se tudo correr bem, abrirei essa
vaga.
Os chefs se entreolharam e
sentiram que a semana prometia ser agitada.
A competição iria começar e todos sabiam que havia uma ambição desmedida por parte de alguns, mas nenhum tinha
consciência do que viria pela frente, e que aquela disputa em particular
poderia atrapalhar o relacionamento de amizade e companheirismo que haviam
criado entre si.
Chef Tulio dispensou todos e
ficou no seu escritório por um longo tempo, pensando no real motivo da sua
viajem. Ele havia decidido procurar a mãe de Caio e tentar saber mais a
respeito do rapaz. Queria estreitar os laços com ele, mas não sabia por onde
começar, e estava preocupado em revelar a verdade a ele e ser rejeitado.
Iria até ela em busca de força e
apoio, não sabia o que fazer. Sentia algo por Beatriz, mas tinha medo de deixar
aquele sentimento transparecer, não queria magoar o filho, estava perdido, pela
primeira vez, não sabia qual seria seu próximo passo.
Bia e Caio não ficaram juntos
aquela noite, ele disse que teria um compromisso e que não poderia lhe fazer
companhia. Ela concordou, embora estivesse ansiando por estar sozinha com ele
mais uma vez. Era muito difícil conviver com ele todos os dias no restaurante e
não poder demonstrar nada.
Haviam ficado juntos todos os
dias desde a noite na Dark Side, dormiam juntos e pela manhã ele voltava a seu
apartamento. Ela tentava não pensar no sentimento que a estava invadindo,
estava se deixando levar, vivia o momento e procurava não pensar no futuro e
nem no passado.
Caio lhe contara um pouco a
respeito da família dele, que a mãe era especialista em Dante, o pai era
engenheiro e que havia morrido há alguns anos. Não tinha irmãos.
Ela também havia lhe contado
sobre a família, os pais, a irmã e como era sua vida na antiga cidade, o quão
era pequena, que todos se conheciam e que todas as novidades eram
compartilhadas por todos, a fofoca corria solta.
Naquela noite ela recebeu uma
mensagem de texto , quando leu, não pode acreditar no que estava escrito ali. Ele a havia encontrado.
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De: Número privado
Para: Beatriz
Olá Anjo, como vai¿
Estou com saudades, em breve nos
veremos.
Com todo o meu amor
D.
Beatriz leu a mensagem e sentiu
um calafrio percorrer lhe a espinha, tremores atravessaram seu corpo. Atirou o
celular longe, o aparelho bateu contra a parede e se estilhaçou. Ela caiu
sentada, de repente havia ficado sem forças, abraçou os joelhos e uma represa
de lágrimas irrompeu.
Chorou durante muito tempo, os
soluços atravessando-lhe o peito, fazendo com que doesse muito, quase tanto
quanto a dor que havia sentido quando tudo acontecera, depois de tudo o que ele havia feito com ela. Quando ela lhe
entregou seu coração e ele lhe retirara sua alma, sua felicidade e a sua
esperança. Ele a havia matado por dentro. E ela jamais o perdoaria por ter
feito aquilo.
Quando sentiu que estava cansada
de tanto chorar, ouviu uma leve batida na porta. Hesitou, mas atendeu. Era
Caio.
Ele a viu com o rosto inchado e
vermelho devido ao choro , correu os olhos pelo cômodo e enxergou o telefone
quebrado, não esperou que ela lhe dissesse algo, entrou e a abraçou forte.
-O que aconteceu¿ - Estava muito
preocupado.
- Eu não quero falar, não
consigo, e- eu simplesmente não posso. – Ela falava entre soluços, a agonia em
sua voz era evidente, Caio sabia que ela estava sofrendo e não saber como ajuda-la
ou o que (ou quem) estava fazendo isso com ela era desesperador.
-Tudo bem minha menina, tudo bem,
apenas, se acalme, mas eu vou querer saber e você terá que me contar.- Ele a
abraçou mais forte e a conduziu até o quanto, tirou as roupas dela com muito
cuidado, como se ela pudesse quebrar, a colocou na cama cobriu. Tirou também a
sua roupa, ficando apenas de cueca e deitou-se ao seu lado.
Caio embalou Beatriz durante
horas, até que ela finalmente conseguiu dormir, um sono agitado e povoado pelo
mais terrível dos pesadelos que já tivera.
-Não! O que você fez comigo¿ Como
pôde¿- Beatriz estava suando, se debatia, Caio acordou com os pés dela dando
chutes em sua perna, assustado tentou acorda-la, chamava seu nome mas ela não
respondia.
- Porque¿
- Era, era tão precioso! Porque¿
-Tira as mãos de mim! Vá embora!
Eu não quero!
-AAAHHHH!!
Uma sucessão de confrontos com
alguém que Caio desconhecia, ele ficou aterrorizado, agarrou Beatriz pelos
ombros e a chacoalhou.
Ela finalmente acordou, estava
apavorada, não sabia onde estava, sua expressão transmitia dor e desespero, sua
mandíbula estava cerrada, os olhos arregalados, o brilho azul estava apagado,
sem vida.
Beatriz correu os olhos pelo quarto,
perdida. Viu Caio ao seu lado e se atirou nos braços dele.
-Ah Caio!
- Shhh, calma, vai ficar tudo bem, eu estou aqui e vou te proteger, de
quem quer que seja. – Suas palavras não eram apenas para confortá-la, ele
falava sério, não deixaria ninguém fazer Beatriz ficar naquele estado, nunca
mais.
Naquele momento, Caio finalmente
pode vislumbrar o tamanho do sentimento que nutria por aquela garota, ele a amava, o consciência disso o fez
ter esperança, de que realmente poderia protege-la.
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Um pedaço do Capítulo 7 pra vocês
Obrigada a todos que estão lendo.
=o****
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