Ele a abraçou e ninou, até que
ela se acalmasse e ambos cochilassem novamente.
Pela manhã, Caio acordou e ficou
admirando-a dormir durante algum tempo.
Dormindo ela parecia ainda mais
linda. Tinha as bochechas levemente coradas, o nariz delicado e pequeno,
sobrancelhas delineadas e aquela boca, Ah! Aquela boca, vermelha, carnuda, que
lhe causava arrepios quando o beijava e lhe surpreendia quando falava, Beatriz
era inteligente, sabia manter uma conversa e tinha muita opinião, algo que o
excitava quase tanto quanto olhar para ela nua. Como ela demorava para acordar,
resolveu levantar.
Tomou um banho rápido, procurou
por uma roupa limpa nas gavetas, ele havia deixado algumas peças em uma cômoda de
Beatriz naquela semana.
Foi até a cozinha preparar o
café. Enquanto mexia a omelete na frigideira, sentiu aquele já conhecido aroma floral que acompanhava
Beatriz onde quer que ela fosse. Desligou a frigideira e se virou para
encará-la, ela estava envergonhada, parada embaixo da soleira da porta,
torcendo as mãos na frente do corpo.
- Eu, é, queria te pedir
desculpas por ontem, por todo aquele choro e fraqueza, você não precisava me
ver daquele jeito.- ela falava com
cabeça baixa e Caio não entendeu porque ela estava falando aquilo.
Aproximou-se e ergueu o queixo dela com dois dedos, para que Beatriz olhasse
para ele.
- Você não tem que se desculpar
por nada, não vi nenhuma demonstração de fraqueza naquilo que aconteceu ontem,
eu vi você sofrendo, como nunca havia visto acontecer com nenhuma outa pessoa
na minha vida e quis ficar aqui e cuidar de você.
- Eu quero saber o que aconteceu
para deixar você naquele estado, e o seu celular destruído.- ele a encarava intensamente, precisava descobrir o
que havia de errado com ela para poder protege-la, pois essa era uma promessa
que ele pretendia cumprir.
- Eu não quero falar sobre isso e
bem, tenho que comprar um telefone novo, quer vir comigo¿- Ela estava tentando
mudar de assunto pois não queria compartilhar seu sofrimento e toda aquela
história aterradora com ninguém. Embora sentisse que estava prestes a explodir,
era muito difícil esconder tudo o que havia acontecido de todo mundo, as
cicatrizes estavam lá e ela não entendia como Caio nunca as havia notado.
- Bia, eu preciso saber, fiz uma
promessa, que eu cuidaria de você, mas preciso saber contra o que tenho que te
proteger. – o tom de voz dele era de súplica, não aguentaria mais ficar naquele
escuro, sentindo o medo dela e não podendo fazer nada para que ela ficasse
melhor.
- Eu não pedi a sua ajuda, não
preciso que você me proteja! – Ela estava ficando encurralada, pensou que se
elevasse seu tom de voz ele desistiria. Queria ser protegida por Caio,
precisava ser protegida por alguém, estava apavorada com a ideia de que ele pudesse realmente tê-la encontrado,
mas tinha medo por Caio também.
Ele a olhou por alguns segundos e
percebeu que precisava contar a ela como se sentia, ou Beatriz jamais deixaria
aquela armadura se quebrar, não baixaria a guarda e ele não poderia ajuda-la.
- Bia eu, eu realmente sinto algo
por você, alguma coisa que não sei explicar, me tira do sério. Sinto seu
perfume em todos os lugares, fecho os olhos e vejo você, não durmo direito à
noite, você me acompanha em qualquer lugar que eu vá, mesmo que não esteja lá
realmente. Quando estamos juntos, sinto como se tudo ao meu redor fosse
dispensável, poderíamos ser só nós dois e mais nada. Eu estou com medo de que
algo aconteça com você, não poderia imaginar acordar de manhã sem saber que se
você não estiver ao meu lado está logo ali no apartamento da frente. Sei que o
que aconteceu a você foi algo muito grave, que você tem dificuldades para
confiar nas pessoas e eu entendo isso, mas, por favor, dessa vez, confie em
mim, me conte o que ou quem te atormenta, me deixa te proteger, te ajudar a
enfrentar isso.
Beatriz arquejou, aquela
confissão era tudo o que ela precisava para ser desarmada, para estourar aquela
ultima barreira que faltava para se abrir com ele. Ela decidiu contar.
- Eu, eu tudo bem vou te contar,
mas antes, eu quero dizer que também sinto algo por você, estou perdida e
confusa. Quando estou com você, tudo fica mais fácil, me sinto mais forte e
confiante. Você me faz ter aquele frio gostoso na barriga, teu sorriso me
desconcerta e, meu deus! Eu amo acordar com você de manha.
Caio sorriu um sorriso de mil
megawatts ele não esperava que ela sentisse aquilo por ele também, e essa
revelação o deixou mais confiante para enfrentar junto com ela o que viesse
pela frente e o que Beatriz tivesse para contar para ele.
- Acho melhor a gente se sentar,
a história é longa e eu quero que você escute tudo o que eu tiver que falar
antes de perguntar alguma coisa está bem¿
Caio assentiu e Beatriz o guiou
até o quarto, onde sentaram-se na cama, um de frente para o outro.
Ela suspirou algumas vezes,
tentando encontrar coragem para falar, até que finalmente começou.
- Bem, quando eu cheguei na
França, tinha recém completo 18 anos. Eu morava com uma amiga da minha mãe,
numa rua bem perto do curso, então eu ia e voltava a pé.
Um dia quando eu estava indo para
a aula cedo, estava atravessando um cruzamento e um cara de bicicleta quase me
atropelou, eu fui desviar dele e acabei caindo e torcendo o tornozelo. Ele me
levou até o p.a. do campus e ficou lá comigo, o nome dele era Daniel.
Conversamos bastantes, ele me
disse que fazia curso de artes e eu contei que fazia gastronomia, trocamos
telefones e ficamos de marcar alguma coisa um dia.
Naquela noite ele me ligou,
ficamos muito tempo conversando e acabou se tornando rotina, nos falávamos ao
telefone todo dia, ou então nos encontrávamos naquele cruzamento.
Tinhamos muito em comum, ele era sensível,
tinha opinião, era correto. Sempre era muito carinhoso comigo e me chamava de
Anjo, sempre permitii que ele me chamasse assim, ele dizia que eu parecia um
anjo porque tinha uma aparência inocente e serena, eu gostava.
Aos poucos fomos ficando
próximos, até que um dia ficamos juntos e começamos a namorar, ele tinha 21
anos, não era muito mais velho, tinha um emprego legal e bem, eu gostava dele,
não sabia o que estava por vir.-
Beatriz parou de falar por alguns
instantes, fechou os olhos e teve um flashback daqueles primeiros encontros com
ele, com Daniel. Sentiu um aperto no
peito mas resolveu continuar.
- Tudo correu bem nos 2 primeiros
anos, eu p assava o dia inteiro no campus e algumas noites dormia na casa dele.
Até que um dia, ele resolveu me buscar
na faculdade, me viu conversando com um
colega do curso e surtou. Ele foi até a gente e chamou o cara pra briga, bateu
muito e também levou muito, sem motivo algum.
Eu consegui afastar os dois
depois e um tempo e levei o Daniel para casa. Eu perguntei porque ele tinha
feito aquilo e ele disse que estava com ciúmes e que não ia acontecer de novo.
Eu concordei e tudo ficou bem por
mais algum tempo, até que um dia eu comecei a me sentir mal na aula, tinha
enjoos terríveis, e algumas vezes tinha que sair correndo da cozinha no meio da
aula.
Fui ao médico e ele me disse que
eu estava grávida. Fiquei sem chão, sempre quis ter filhos, mas não tão cedo.
Eu chorei muito e decidi que teria a criança, não poderia tirá-la, o bebe era
meu e eu já sabia que era precioso. Fui para casa e conversei com a amiga da
minha mãe, ela me convenceu a contar
para o Daniel.
Naquela noite fui até o
apartamento dele, fiz uma janta e esperei até que ele chegasse. Comemos e então
decidi contar. Ele ficou furioso, quebrou as coisas em casa e me expulsou,
disse coisas horríveis, e me bateu. Disse que eu tinha que tirar a criança, que
ele não queria um bebê.
Os olhos de Caio se arregalaram um
pouco, ele apertou os punhos sobre o colo e cerrou a mandíbula, Beatriz
percebeu que ele estava com raiva, ignorou a reação e continuou a falar.
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Está aí e o drama continua na próxima parte! gogogo!
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