Vitória estava trancada em um dos
banheiros chorando, com as mãos no rosto. Os ombros chacoalhavam e as lagrimas
escorriam por entre os seus dedos.
Chef Tulio havia sido efusivo com
ela, muito duro e também rude. Aquilo tinha despedaçado o seu coração, pelo
menos o que ela pensava ser o seu.
Assim que Beatriz saiu do
escritório ele se levantou da sua cadeira, deu a volta na mesa e, com o dedo em
riste muito próximo ao rosto dela disse, numa voz baixa e fria.
- Eu não quero saber das suas
insinuações para cima de mim aqui, você me entendeu¿ Estou cansado desse seu
joguinho de flerte. Eu não me interesso por você, nunca me interessei e jamais
irá acontecer algo entre nós. A nossa relação é e sempre será estritamente
profissional. E se isso não estiver de bom tamanho para você pode agora mesmo
juntar suas coisas e sair do meu restaurante!
Ela imediatamente virou-se e saiu
chorando porta afora, correu até o vestiário para juntar suas coisas, não
queria ficar mais um segundo ali.
Quando entrou, batendo a porta na
parede sem querer, viu o casalzinho num abraço carinhoso e sentiu inveja dos
dois. Queria que Chef Tulio tivesse o mesmo carinho por ela que Caio e Beatriz tinham um pelo
outro.
Ver aquela cena de carinho, algo
com que ela sempre desejara e nunca havia conseguido de seus pais e nem de
ninguém fez seu coração ficar ainda mais apertado. Escancarando de vez sua
ferida e a fazendo sangrar por dentro, como nunca antes havia acontecido.
Gritou para que os pombinhos
fossem embora e ficou ali chorando por um longo tempo, até suas lágrimas
secarem e não restar mais nada além de soluços que atravessavam seu peito
doendo-lhe profundamente.
Assim que conseguiu se recompor,
foi até o espelho, molhou o rosto e começou a esvaziar seu armário. Depois que
havia conseguido colocar tudo dentro de uma bolsa que guardava ali,
encaminhou-se para fora do Cucina Dolce sem olhar para trás, não queria lembrar
do que tinha vivido ali, apesar de querer ver, muito em breve, Chef Tulio
rastejando a seus pés, implorando perdão e pagando por toda a humilhação que a
fizera sofrer.
Estava absorta em pensamentos
andando de cabeça baixa e não viu o homem que se aproximava dela andando na
direção oposta.
Eles se chocaram e Vitória quase
caiu para trás, mas sentiu mãos firmes segurarem seus braços, impedindo-a de se
estatelar no chão.
Ela ergueu o olhar e viu um homem
um pouco mais velho que ela, mas não muito, a olhando intensamente, ficou um
pouco constrangida e falou.
- M- me desculpe, eu não o vi e
obrigada por me salvar.
- De nada, qual seu nome¿ - Ele
tinha um sorriso misterioso nos lábios, um sorriso que não mostrava nenhum
dente, um sorriso estranho, perturbado.
- E- eu me chamo Vitória, e você¿
- Meu nome é Daniel, você parece
transtornada, aceitaria ir comigo até o bar mais em frente e tomar alguma
coisa¿ Talvez eu possa ajudar.
- Vitoria hesitou, mas precisava
sim de uma bebida e aquele estranho lhe pareceu um bom homem.
Ele deu o braço à Vitória e
saíram caminhando pela rua, trocando amenidades e conhecendo mais de uma
afinidades, entre elas um rancor excessivo de uma certa garota que trabalhava
no restaurante italiano do qual ela acabara de ser demitida.
Caio e Beatriz deixaram Vitória ali, chorando
suas mágoas e foram ao estacionamento buscar a moto.
Beatriz estava física e
emocionalmente esgotada, as discussões com Salvador, com Vitória, com Chef Tulio e, mais tarde a cena na sala dela
haviam sido a cota de emoção extra que ela não pedira pra seu dia, mas
felizmente tudo tinha acabado e logo, ela estaria enroscada na cama com Caio,
contando como havia sido seu dia e tentando extrair dele como havia sido o seu.
Quando chegaram em casa, estava
tudo quieto, Marie provavelmente já estaria dormindo e os dois teriam a cozinha
só para eles por alguns instantes.
Eles entraram e Beatriz deixou a
bolsa sobre um aparador ao lado da porta de entrada, foi até uma das poltronas
da sala e deixou seu corpo afundar sobre o couro macio que revestia o assento.
Caio colocou as chaves da moto
dentro de um vasinho sobre o mesmo aparador e a seguiu, percebeu que Beatriz
estava péssima, mas não sabia o quanto. Decidiu perguntar, talvez lhe oferecer
uma massagem, até lhe preparar um banho de banheira (que eles ainda não haviam
inaugurado).
Beatriz lhe contou como havia
sido a discussão com Salvador, a ida com o carro do Chef Tulio para a fazenda e
a diferença de tratamento quando Salvador os viu.
Caio, assim como Beatriz não
entendeu o que havia acontecido com Salvador para que mudasse tão drasticamente
seu comportamento com ela.
Ele já conhecia o colono de
crises anteriores, ao que sabia, ele nunca cumpria as responsabilidades que
devia e em mais de uma vez ele presenciou Chef Tulio perder a paciência com o
homem ao telefone, de modo que passou a conhecer a fama do pobre coitado.
Enquanto Caio massageava os
ombros de Beatriz, parado atrás dela, que continuava sentada na poltrona, ambos
se perguntavam o que haveria acontecido entre Chef Tulio e Vitória depois de
Beatriz sair e o que havia lhe causado aquela reação extrema. Estavam intrigados,
mas não iriam comentar sobre aquilo, iria estragar a noite, que prometia ser
muito boa.
- E então, quer se juntar a mim
na banheira¿ - Caio perguntou com os lábios muito próximos da orelha dela, que
sentiu o hálito quente dele em contato com sua pele e se arrepiou no mesmo
instante.
- Não vejo nada que possa me
agradar mais agora. – Ela havia deitado a cabeça de lado para dar a ele livre
acesso ao seu pescoço, queria sentir os lábios quentes dele beijando sua pele,
aquecendo-a, massageando-a e a fazendo esquecer o dia de merda que tivera.
Ele atendeu seu desejo sem
pestanejar, apenas sorrindo para si mesmo. Beijou a pele delicada do pescoço de
Beatriz com suavidade, passando a língua delicadamente, sentindo o gosto que
ela tinha e a fazendo arrepiar-se.
- Acho bom nós irmos logo então –
Ele parou de beijá-la, contornou a poltrona e estendeu a mão para que ela o
acompanhasse até a suíte. Beatriz colocou sua mão sobre a de Caio sem hesitar.
Assim que chegaram no banheiro,
ele acionou os jatos de agua, regulou a temperatura, adicionou algumas essências
e sais de banho.
Aos poucos o vapor foi subindo e
fazendo todo o ambiente rescindir a ervas.
Caio se aproximou de Beatriz e
começou a despi-la lentamente, meias, tênis, calça, camiseta, roupas intimas.
Aos poucos cada uma das peças foi se acumulando em um monte no chão do
banheiro.
Assim que ela estava completamente
nua, Caio a conduziu até a banheira. Beatriz aconchegou-se se encostando em uma
das beiradas arredondadas, deixando-se afundar até que seu queixo encostasse na
água repleta de espuma.
Caio rapidamente se despiu e
entrou na banheira, se encostou num canto oposto e puxou Beatriz pelo braço
delicadamente, até que ela ficasse encostada em seu peito.
Os dois ficaram na banheira por
um longo tempo, aproveitando a companhia um do outro, cercados pelo aroma
que rescendia da agua do banho e
pensando no futuro, no que estaria por vir e em tudo o que já haviam vivido
juntos.
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Obrigada a todos que leem e acompanham.
Esse foi um dos melhores meses da minha vida
=o****
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