segunda-feira, 29 de abril de 2013

Capítulo 10 - Parte 8


Vitória estava trancada em um dos banheiros chorando, com as mãos no rosto. Os ombros chacoalhavam e as lagrimas escorriam por entre os seus dedos.

Chef Tulio havia sido efusivo com ela, muito duro e também rude. Aquilo tinha despedaçado o seu coração, pelo menos o que ela pensava ser o seu.

Assim que Beatriz saiu do escritório ele se levantou da sua cadeira, deu a volta na mesa e, com o dedo em riste muito próximo ao rosto dela disse, numa voz baixa e fria.

- Eu não quero saber das suas insinuações para cima de mim aqui, você me entendeu¿ Estou cansado desse seu joguinho de flerte. Eu não me interesso por você, nunca me interessei e jamais irá acontecer algo entre nós. A nossa relação é e sempre será estritamente profissional. E se isso não estiver de bom tamanho para você pode agora mesmo juntar suas coisas e sair do meu restaurante!

Ela imediatamente virou-se e saiu chorando porta afora, correu até o vestiário para juntar suas coisas, não queria ficar mais um segundo ali.

Quando entrou, batendo a porta na parede sem querer, viu o casalzinho num abraço carinhoso e sentiu inveja dos dois. Queria que Chef Tulio tivesse o mesmo carinho  por ela que Caio e Beatriz tinham um pelo outro.

Ver aquela cena de carinho, algo com que ela sempre desejara e nunca havia conseguido de seus pais e nem de ninguém fez seu coração ficar ainda mais apertado. Escancarando de vez sua ferida e a fazendo sangrar por dentro, como nunca antes havia acontecido.

Gritou para que os pombinhos fossem embora e ficou ali chorando por um longo tempo, até suas lágrimas secarem e não restar mais nada além de soluços que atravessavam seu peito doendo-lhe profundamente.

Assim que conseguiu se recompor, foi até o espelho, molhou o rosto e começou a esvaziar seu armário. Depois que havia conseguido colocar tudo dentro de uma bolsa que guardava ali, encaminhou-se para fora do Cucina Dolce sem olhar para trás, não queria lembrar do que tinha vivido ali, apesar de querer ver, muito em breve, Chef Tulio rastejando a seus pés, implorando perdão e pagando por toda a humilhação que a fizera sofrer.

Estava absorta em pensamentos andando de cabeça baixa e não viu o homem que se aproximava dela andando na direção oposta.

Eles se chocaram e Vitória quase caiu para trás, mas sentiu mãos firmes segurarem seus braços, impedindo-a de se estatelar no chão.

Ela ergueu o olhar e viu um homem um pouco mais velho que ela, mas não muito, a olhando intensamente, ficou um pouco constrangida e falou.

- M- me desculpe, eu não o vi e obrigada por me salvar.

- De nada, qual seu nome¿ - Ele tinha um sorriso misterioso nos lábios, um sorriso que não mostrava nenhum dente, um sorriso estranho, perturbado.

- E- eu me chamo Vitória, e você¿

- Meu nome é Daniel, você parece transtornada, aceitaria ir comigo até o bar mais em frente e tomar alguma coisa¿ Talvez eu possa ajudar.

- Vitoria hesitou, mas precisava sim de uma bebida e aquele estranho lhe pareceu um bom homem.

Ele deu o braço à Vitória e saíram caminhando pela rua, trocando amenidades e conhecendo mais de uma afinidades, entre elas um rancor excessivo de uma certa garota que trabalhava no restaurante italiano do qual ela acabara de ser demitida.

 

 Caio e Beatriz deixaram Vitória ali, chorando suas mágoas e foram ao estacionamento buscar a moto.

Beatriz estava física e emocionalmente esgotada, as discussões com Salvador, com Vitória, com Chef  Tulio e, mais tarde a cena na sala dela haviam sido a cota de emoção extra que ela não pedira pra seu dia, mas felizmente tudo tinha acabado e logo, ela estaria enroscada na cama com Caio, contando como havia sido seu dia e tentando extrair dele como havia sido o seu.

Quando chegaram em casa, estava tudo quieto, Marie provavelmente já estaria dormindo e os dois teriam a cozinha só para eles por alguns instantes.

Eles entraram e Beatriz deixou a bolsa sobre um aparador ao lado da porta de entrada, foi até uma das poltronas da sala e deixou seu corpo afundar sobre o couro macio que revestia o assento.

Caio colocou as chaves da moto dentro de um vasinho sobre o mesmo aparador e a seguiu, percebeu que Beatriz estava péssima, mas não sabia o quanto. Decidiu perguntar, talvez lhe oferecer uma massagem, até lhe preparar um banho de banheira (que eles ainda não haviam inaugurado).

Beatriz lhe contou como havia sido a discussão com Salvador, a ida com o carro do Chef Tulio para a fazenda e a diferença de tratamento quando Salvador os viu.

Caio, assim como Beatriz não entendeu o que havia acontecido com Salvador para que mudasse tão drasticamente seu comportamento com ela.

Ele já conhecia o colono de crises anteriores, ao que sabia, ele nunca cumpria as responsabilidades que devia e em mais de uma vez ele presenciou Chef Tulio perder a paciência com o homem ao telefone, de modo que passou a conhecer a fama do pobre coitado.

Enquanto Caio massageava os ombros de Beatriz, parado atrás dela, que continuava sentada na poltrona, ambos se perguntavam o que haveria acontecido entre Chef Tulio e Vitória depois de Beatriz sair e o que havia lhe causado aquela reação extrema. Estavam intrigados, mas não iriam comentar sobre aquilo, iria estragar a noite, que prometia ser muito boa.

- E então, quer se juntar a mim na banheira¿ - Caio perguntou com os lábios muito próximos da orelha dela, que sentiu o hálito quente dele em contato com sua pele e se arrepiou no mesmo instante.

- Não vejo nada que possa me agradar mais agora. – Ela havia deitado a cabeça de lado para dar a ele livre acesso ao seu pescoço, queria sentir os lábios quentes dele beijando sua pele, aquecendo-a, massageando-a e a fazendo esquecer o dia de merda que tivera.

Ele atendeu seu desejo sem pestanejar, apenas sorrindo para si mesmo. Beijou a pele delicada do pescoço de Beatriz com suavidade, passando a língua delicadamente, sentindo o gosto que ela tinha e a fazendo arrepiar-se.

- Acho bom nós irmos logo então – Ele parou de beijá-la, contornou a poltrona e estendeu a mão para que ela o acompanhasse até a suíte. Beatriz colocou sua mão sobre a de Caio sem hesitar.

Assim que chegaram no banheiro, ele acionou os jatos de agua, regulou a temperatura, adicionou algumas essências e sais de banho.

Aos poucos o vapor foi subindo e fazendo todo o ambiente rescindir a ervas.

Caio se aproximou de Beatriz e começou a despi-la lentamente, meias, tênis, calça, camiseta, roupas intimas. Aos poucos cada uma das peças foi se acumulando em um monte no chão do banheiro.

Assim que ela estava completamente nua, Caio a conduziu até a banheira. Beatriz aconchegou-se se encostando em uma das beiradas arredondadas, deixando-se afundar até que seu queixo encostasse na água repleta de espuma.

Caio rapidamente se despiu e entrou na banheira, se encostou num canto oposto e puxou Beatriz pelo braço delicadamente, até que ela ficasse encostada em seu peito.

Os dois ficaram na banheira por um longo tempo, aproveitando a companhia um do outro, cercados pelo aroma que  rescendia da agua do banho e pensando no futuro, no que estaria por vir e em tudo o que já haviam vivido juntos.
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Obrigada a todos que leem e acompanham.
Esse foi um dos melhores meses da minha vida
=o****
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